Dizem por aí que eu sou engraçada. Não é esforço, não é talento escondido, é herança familiar mesmo. A gente tem um humor tão presente em casa que, às vezes, parece até DNA registrado em cartório. É sério: a gente ri até quando não devia.
Minha irmã, por exemplo, tem a velocidade de um raio para soltar uma tirada. Basta alguém abrir a boca e pronto: ela já tem uma resposta pronta, afiada e certeira, capaz de transformar uma frase banal em comédia instantânea. É como se ela tivesse um estoque secreto de piadas e comentários espirituosos sempre à mão.
Mas a grande estrela da família é minha mãe. Essa, sim, merece troféu! Já passou dos 70 anos e continua firme, fiel ao seu repertório de piadas. O detalhe é que as piadas… como dizer de forma delicada? São meio sem graça. Meio esquisitas. Às vezes parecem ter sido importadas de um planeta onde a lógica do humor é completamente diferente da nossa. Só que, quando uma senhora cheia de energia resolve contar essas histórias com convicção, quem não a conhece acha hilário. Afinal, não é todo dia que se vê uma idosa rindo sozinha da própria piada.
E eu? Bom, eu vou no embalo. Cresci nesse ambiente em que rir é quase tão vital quanto respirar. Se eu sou engraçada, é porque ser séria demais simplesmente não estava disponível no pacote da família.
