O ser humano é complexo, complicado. E quando falamos de relações, sejam elas de que nível for, tornam-se ainda mais complicadas. Isso porque cada um vive dentro de seu próprio Universo, nem sempre consegue entender a dinâmica da vida em grupo e, por esse motivo, acaba por magoar pessoas que jamais deveriam passar por isso…
Por mais que tentemos entender, cada pessoa tem uma visão muito pessoal de como seguir a vida… e essa visão é que acaba por tornar a vida em sociedade mais difícil. Porque a pessoa acaba por seguir caminhos que para ela parecem ser aquele que lhe dará a felicidade, tão perseguida por todo ser vivo…
Ser feliz é o desejo de todos nós. Isso é ponto pacífico. O problema é o caminho que percorremos até tal objetivo. Muitas vezes, iludidos pelas várias quimeras espalhadas por esse plano, nos esquecemos de que muitas de nossas ações podem ferir aqueles que, a princípio, não deveriam sofrer as consequências de nossos atos… e que essa ferida pode ser tão intensa, mas tão intensa, que pode jogar nossas vítimas no fosso da depressão…
Quando crianças, aprendemos sobre vários caminhos que poderemos ou não seguir. Podemos ser altruístas, procurando sempre o melhor para cada um. Nesse caso, tentamos sempre seguir o melhor caminho, onde sempre o próximo como nossa prioridade. Nosso intuito primeiro é o de ajudar aqueles que estão à nossa volta….O outro caminho é o do egoísmo, mais fácil de seguir, uma vez que nos colocamos como prioridade… vivemos apenas para nosso prazer, não nos importando com o sentimento das pessoas que compõe nosso pequeno grupo social…
Tal atitude é mais nefasta quando envolve um casal, junto já a algum tempo e com descendentes. Dependendo da fase vivida pelos filhos gerados nessa união, a situação, que já não é nada fácil, ficará ainda pior. Porque o desejo primeiro das crianças é que seus genitores fiquem sempre um ao lado do outro, para que possam oferecer-lhes, acima de tudo, amor e proteção. E, se por acaso um dos dois resolve seguir seu destino sozinho, a esperança de que haja uma reconciliação está presente no pensamento desses pequenos… não conseguem imaginar a ausência de um dos genitores para sempre…
Podemos dizer que, se houver rompimento, para que não haja sequelas para os filhos, é preferível que este aconteça quando as crianças ainda estão na primeira infância. Porque elas sentirão a falta de seu genitor, é claro… mas ainda estão formando em seu pequeno cérebro a ideia de família. E com o passar do tempo acabarão por deixar de sentir a falta daquele que partiu…
Se essa separação ocorre quando as crianças estão já próximas da pré adolescência… a vida se transforma totalmente… por que é a fase em que os pequenos estão saindo da infância para a vida adulta… é uma fase de transição, e os modelos que deseja seguir marcam e muito sua psique. Normalmente seus pais são seus heróis. O Pai, uma figura onipotente. A Mãe, onipresente. Os dois juntos formam uma dupla impossível de ser imitada, seja lá por quem for. Por que os dois tem a resposta para todas as dúvidas que o Universo possa colocar frente ao ser em desenvolvimento. Mas se a Dupla Divina se separa, o encanto se rompe e o pré adolescente perde a figura mágica que o guiaria através das brumas do tempo até que pudesse caminhar sozinho, em busca de seu destino…
A primeira sensação que essa pessoa sente é que foi traída. E por aqueles em quem mais acreditava. Pois o duo Pai/Mãe era seu pilar, seu apoio… era a Luz que iluminava seus passos. E, de repente…
Há casos e casos de separação. Quando um dos cônjuges resolve partir, pois acredita que nada mais há para viver ao lado de quem o acompanhou até aquele momento, mas leva em consideração as crianças geradas dessa união, dando-lhes suporte emocional apesar da situação em que se encontra, não é fácil para os filhos. Mas pelo menos sentem que não são o motivo que levou a família a implodir. E a esperança de que seus pais retornem ao convívio como um casal é forte em seu peito… em sua imaginação, toda a situação não passa de um mal entendido, que com o tempo poderá ser superado. Quando a criança (pois ainda é uma criança…) percebe que tal sonho não se realizará, seu mundo desaba e ela irá cair em depressão. E sua situação irá arrastar junto as outras pessoas que se encontram ao seu redor, principalmente o cônjuge que ficou cuidando das crianças após a separação…
E porque toda essa situação ocorre? Bem, está claro, não é mesmo? A pessoa se sente infeliz na união que vive e resolve que está na hora de alçar voos rumo ao horizonte, perseguindo a Felicidade com a qual tanto sonha. Pena que não se dá conta que, ao agir dessa maneira, está destruindo várias vidas… está causando sofrimento em várias almas. E são justamente aquelas que mais tem amor por ela. E está jogando tudo para o alto por não ter a sensibilidade de sentir que o Amor está… e esteve… sempre ali, naquele pequeno núcleo do qual fez parte por tanto tempo. E do qual resolveu abrir mão para perseguir um sonho, uma quimera. Mas o Universo não perdoa e, cedo ou tarde, a conta será apresentada para aquele que causou sofrimento a inocentes… sangue de seu sangue, carne de sua carne. E como se dará o ajuste de contas? Uma hora o arrependimento baterá em sua porta… mas poderá ser demasiado tarde para receber o perdão que precisa para refrescar sua alma…
