Notibras

Que tal observar e registrar a imagem mais bonita do dia?

A vida moderna exige muito da gente. É uma correria sem fim: despertador tocando cedo demais, trânsito, notificações, reuniões, prazos, listas de tarefas que se multiplicam. No meio disso tudo, a gente vai se automatizando. Passa pelas coisas como se estivesse jogando uma partida de videogame. Mal repara nas pessoas ao redor. Mal escuta as próprias ideias. E, claro, mal vê o mundo.

Ontem, num momento de pausa, um amigo me contou que tem um hábito curioso: todo fim de dia, ele tenta se lembrar de tudo o que viu e escolhe uma imagem como “a mais bonita do dia”. Pode ser qualquer coisa: o céu tingido de rosa, uma criança rindo no parquinho, um cachorro que parece sorrir, uma árvore florida na calçada de sempre, mas que a gente costuma ignorar. A imagem mais bonita não precisa ser espetacular. Só precisa ter sido notada.

Achei a ideia genial. Primeiro porque nos obriga a prestar atenção. Quando você sabe que vai ter que escolher uma imagem ao fim do dia, começa a procurar beleza no caminho. E, veja só, ela aparece. A gente começa a ver o que sempre esteve ali, mas que a pressa escondia: o jeito carinhoso com que alguém segura a mão de outra pessoa, o som da chuva fina caindo no telhado, o jeito desengonçado de um passarinho tentando pousar num fio.

Segundo porque esse exercício simples devolve um pouco da presença. A presença real, aquela que nos faz estar realmente ali e não pensando em outra coisa. Comecei a tentar fazer esse desafio também. Ontem, minha imagem mais bonita foi o sorriso que minha filha me deu ao acordar. Descabelada, com o pijama amarrotado, mas com um olhar de quem tem o mundo inteiro dentro dos olhos.

Talvez, se a gente se obrigar a procurar beleza todos os dias, a vida não mude tanto por fora, mas mude bastante por dentro. Porque é aí que a gente vive de verdade.

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