Notibras

Quem só semeia vento vai colher sempre tempestade

Vale a pena tocar aqui, mesmo de passagem, no que se chama “choque de retorno”. Há uma lei da física muita conhecida: toda ação provoca uma reação igual e contrária. Se minha mente está carregada de pensamentos de afeto, é compreensível que muitas pessoas se mostrem afetuosas em relação a mim. Se Você se polariza corretamente em relação ao dinheiro, é natural que surjam oportunidades de ganho. Dentro da mesma lei, se Você pratica um ato egoísta,ou procura causar um malefício a quem quer que seja, está atraindo o que talvez não esteja em seus cálculos.

Certa vez, uma senhora acendeu uma vela preta para afastar do marido as mulheres que, imaginava, queriam roubar-lhe o “amado” (talvez seja melhor dizer o homem do qual ela se sentia proprietária). Não sei se elas se afastaram dele. Mas tenho certeza – foi ela própria quem me contou – que dela o maridinho se distanciou.

Uma outra recorreu ao mesmo processo, a vela preta, porém, com uma intenção oposta: queria que o esposo se desinteressasse pelas mulheres. E ele realmente se desinteressou. Ao menos, pelo que sei, por ela… Já um comerciante fechou as portas e mudou-se, depois que mandou fazer um “trabalho” para levar um concorrente à falência. Uma relação de casos conhecidos iria encher folhas e folhas. A sabedoria do povo resume numa simples frase: quem semeia vento, colhe tempestade.

Também é certo que quem semeia roseiras colherá rosas. A lei do amor não é algo místico, uma regra de Cristo ou de Buda. É estritamente científica. Amor, todavia, não é sinônimo de auto-humilhação, de autoflagelação. Não é dar a outra face a bofetadas. Mesmo porque, quem não tem um profundo amor por si próprio, não pode amar a ninguém. Mas amar também não é possuir as pessoas, prendê-las, retê-las, como um objeto que se compra no mercado. O amor envolve a idéia de doação, jamais a de cobrança.

No terreno da Magia, esta questão é de especial importância. Porque não se trata somente de amar ou odiar, de ajudar ou atrapalhar, mas de utilizar conscientemente, deliberadamente, com pleno conhecimento de causa, forças sutis, cujo manuseio escapa à maioria das pessoas. Não foi por acaso que um feiticeiro, que conheci de perto, terminou por estourar os próprios miolos. Toda pessoa que avança no caminho da magia negra termina por pagar um preço muito elevado.

Lembre-se dos poucos exemplos que citei – das mulheres que recorreram às velas pretas, do comerciante que quis destruir seu vizinho. A magia negra é empregada não apenas para prejudicar alguém diretamente, mas também em função do egoísmo, querer ocupar o cargo ocupado por outro,ou mesmo transformar uma pessoa num objeto de propriedade pessoal, sob a falsa idéia de que “eu gosto dela”. A esta altura, deixemos claro que não existe a rigor a magia negra. As energias que um mago chamado negro utiliza são as mesmas utilizadas por um mago branco. A diferença está somente na intenção, no objetivo do ato mágico.

Você está entrando num caminho que pode levá-lo a uma vida de paz, de alegria, de felicidade, mas que também pode ser um abismo. Tudo depende da maneira como seja aplicado o conhecimento que lhe está sendo passado. Capítulo após capítulo, Você irá ampliando o seu horizonte, adquirindo mais e mais poder. Irá entrando em contato com forças cada vez maiores, que poderão ser valiosos auxiliares para a escalada da alegria ou senhores implacáveis. Seu poder mental irá aumentando gradativamente. Isso quer dizer que seus desejos, seus pensamentos, serão cada vez mais fortes, influindo de forma cada vez mais acentuada sobre as pessoas, e atraindo para Você, de acordo com a lei de causa e efeito, o bem ou o mal.

Creio que foi o filósofo argentino Carlos Pecotche, o criador da Logosofia, quem melhor definiu o Karma: “é a herança de si mesmo”. Karma é a ressaca que Você está experimentando hoje, como conseqüência do pileque de ontem. Karma é a promoção que Você ganha no trabalho, graças ao seu merecimento. A cada dia, a cada instante, nós somos nossos próprios herdeiros. Colhemos o que plantamos. Por mais desagradável que seja reconhecê-lo, fique certo de uma coisa: tudo o que lhe acontece, de bom ou de desagradável, Você fez por onde merecer. Não culpe o destino. Não jogue a responsabilidade nos outros pelos problemas que Você experimentar. Nada é mais falso do que dizer que fulano ou beltrano me faz ou fez sofrer. Eu apenas recebo o que mereço.

Não faz muito tempo, fui advertido sobre a responsabilidade que assumo quando me proponho a difundir conhecimentos sobre Magia. Dion Fortune hesitou muito antes de escrever seu livro “Autodefesa Psíquica”, porque precisava, para ensinar os métodos de defesa, descrever os processos usados pelas pessoas que procuravam prejudicar magicamente outras. Essa cautela vem de longa data: durante séculos, os cultores da Magia mantiveram sob sete véus o seu conhecimento, protegendo-o contra os incautos que pudessem lançar mão do poder oculto para o mal. Prefiro seguir o caminho de Israel Regardie, autor do magistral “O poder da Magia”, editado no Brasil pela Ibrasa, em tradução de Aydano Arruda.

Não vejo por que sonegar conhecimentos extremamente úteis, só pelo receio de que alguém possa aplicá-los em prejuízos de terceiros. Seria o mesmo que suspender a fabricação de facas, porque alguém poderia ferir ou se ferir com o seu uso. As portas estão abertas. Sejam bem-vindos e bem-vindas ao templo do poder.

Aqui está um primeiro descerrar do véu da Magia. Desde já, peço que estude o tema com a máxima atenção. O magnetismo é a base do edifício que Você vai construir.

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*Texto extraído do livro Portal da Magia. SEABRA, Geraldo. 2005.
Geraldo Seabra – Jornalista, Astrólogo, Alquimista, Tarólogo, fundador do Colégio dos Magos de Brasília e autor do livro Portal da Magia.

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