Notibras

Rasga o fole, sanfoneiro, que a quadrilha está aí

Vivemos tempos de guerrilha semiótica veloz e de síndromes de esquecimento.

A dor e a indignação ainda marcam as cenas tétricas do ex-ministro, Gilson Machado, “assassinando” a sanfona ao lado do então presidente do Brasil, Bolsonaro.

Tudo no auge da pandemia COVID 19, com milhares de pessoas morrendo e expostas ao total desprezo e inconsequência das “otoridades” defensoras da Necropolitica.

Infelizmente, nada mudou, pelo menos nas cabeças abestalhadas destes bárbaros viciados em crimes e impunidades.

Mas não tarde o fim do bailão.

Preso, agora, o “sanfoneiro” lambe-botas do Grande Chefe, o “capitão mítico”, teima em seguir tocando a festança de insanidades e animando as coreografias infernais da Quadrilha, mesmo com os dias contados.

Contraventores inveterados.

Vivemos tempos terríveis e lamentáveis. Momento crítico que não nos permite esquecer. Ódio, não; nem sentimentos vingativos: sede de punição, sim. Justiça!

Minimizando os aspectos grotescos maquiados como “bravatas”, “folclore”, “conversas entre amigos civis e militares”, a coisa é carente de processo, julgamento dentro das “quatro linhas da Lei” e cadeia.

Está chegando a hora de tocar a sanfona no quadrado do cárcere. Não se esqueça de levar a mesma indefesa e torturada sanfona desafinada. Pobre e valoroso instrumento.

Rasgou o fole, sanfoneiro.

A Quadrilha desandou no ritmo implacável da História.

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*Gilberto Motta: jornalista, professor, escritor. Nasceu num circo teatro rodando pelo interior do Brasil. Estudou, fez mestrado e virou professor. Aposentou-se há alguns anos e vive na pequena comunidade da Guarda do Embaú-SC. De lá, envia os sinais de fumaça através de seus textos e garrafas de antialgoritmos náufragos.

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