No começo da semana, finalmente criei coragem pra fazer um exame que eu vinha adiando há dias, ou melhor, semanas. Uma ressonância magnética. Com contraste. Nada demais, já fiz algumas antes. É aquele tipo de exame que você deita numa cápsula barulhenta, fecha os olhos e torce pra não lembrar da claustrofobia que jurava não ter.
Marquei, fui sozinha, toda independente, adulta, madura. Entrei na sala já no modo “isso aqui eu domino”. A técnica me perguntou se eu já tinha feito exame com contraste antes. Respondi um “claro” tão seguro que quase me ofereceram uma credencial de frequentadora sênior.
Mas, eis que o destino resolveu me pregar uma peça. Logo depois da aplicação do contraste, comecei a sentir um formigamento esquisito no rosto. E teve mais: rosto vermelho, inchado, coceira no corpo todo, crise de espirros, ouvido latejando e o nariz congestionado.
Como boa dramática que sou, pensei: “É isso. Vou morrer agora mesmo, com uma touquinha ridícula na cabeça e a calcinha de algodão mais desvalorizada do armário.” Já estava ensaiando mentalmente meu último suspiro quando percebi que ninguém parecia muito preocupado. A técnica olhou pra mim e disse: “Calma, é uma reação leve. Vamos te observar um pouquinho.” Um pouquinho? Amada, eu estava pronta pra me despedir da vida, e você vem com essa observação?
Passados alguns minutos (que pareceram horas na minha cabeça novelesca), os sintomas começaram a ceder. E aí, como toda boa dramática que sobrevive à própria tragédia imaginária, comecei a rir. Rir do nariz entupido, do rosto que parecia um tomate mal lavado, da cena toda. Rir de mim mesma, porque não tem remédio melhor pra esses perrengues do que uma boa risada.
Moral da história: se for fazer exame com contraste, vá preparada. E leve, no mínimo, alguém pra rir com você depois. Porque rir sozinha pode até ser terapêutico, mas acompanhada é muito melhor.
