Ao contrário do que muita gente diz, eu não tenho certeza se as redes sociais realmente nos aproximam das pessoas. É claro que em alguma medida elas são benéficas: pelo feed e pelos stories consigo acompanhar a vida de quem gosto. Sei em quais shows minha antiga colega de trabalho tem ido, vejo como está crescido o filho do meu antigo professor, acompanho aniversários, viagens, conquistas. É como se as redes me dessem uma janela para vidas que, de outra forma, eu talvez nem soubesse por onde andam.
Mas existe um lado oculto nisso tudo: uma espécie de acomodação. Ao sentir que já estou “por dentro” das novidades pelo Instagram ou pelo Facebook, acabo deixando de ligar, de marcar um encontro, de olhar nos olhos. É como se a tela tivesse substituído o café compartilhado, a conversa longa, a pausa para rir junto. Ficamos satisfeitos com a versão resumida da vida alheia, em fotos e frases curtas, e esquecemos do calor humano que só existe fora das telas.
Na minha vida, há uma amiga em especial de quem sinto muita saudade. Eu a vejo quase todos os dias pelas redes sociais, acompanho cada postagem, curto suas fotos. No entanto, o encontro real nunca acontece, apesar da minha vontade de revê-la. Falta um movimento, talvez da minha parte, talvez da dela, para que possamos atravessar essa barreira invisível que a tecnologia, ao mesmo tempo em que conecta, também ergue.
No fundo, acho que as redes sociais não substituem nada. Elas apenas dão a ilusão de presença. O que eu queria mesmo era sentar com essa amiga, pedir dois cafés e ouvir de perto como anda sua vida. Sem filtros, sem edição, só nós duas e a verdade que existe em estar junto.
