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Reforma imprime atmosfera de galeria de arte a apartamento

Foto/Divulgação

Estamos em uma das ruas mais movimentadas dos Jardins. Mais precisamente, no apartamento de um jovem casal de empresários e de sua filha de três anos. Comum a todos, o desejo de viver em meio à arte, em espaços amplos e arejados – quase um oásis em meio à agitação do bairro – se transformou hoje em realidade, apesar de obedecer a motivações bastante distintas.

Da parte da menina, a possibilidade de explorar cada canto do imóvel como se estivesse em uma casa era tudo o que ela sempre quis. Do lado dos pais, o prazer de contar com perfeitas condições de exposição e visualização de seu acervo de obras de arte e mobiliário era prioridade absoluta.

“Eles formam uma família cheia de energia. O casal se interessa muito por arte, design, cultura em geral. A menina é bailarina, adora sair dançando pela casa. Decidi tomar estes fatores a meu favor”, conta a arquiteta Fernanda Marques, responsável pelo retrofit deste imóvel, construído na década de 1970, e que, após nove meses de reforma, exibe hoje condições únicas de distribuição e luminosidade.

Antes caracterizada por espaços menores e fragmentados, ampliar a área social do apartamento foi o principal objetivo da reforma. A sala de jantar, anexa ao living, era fechada e dividia espaço com um pequeno home theater. “Abrimos tudo e optamos por unificar os ambientes a partir do piso de limestone e da iluminação indireta, embutida. Da planta original, conservamos apenas a área íntima”, resume a profissional.

“Dado o perfil de meus clientes percebi que havia espaço para uma intervenção menos convencional”, relata Fernanda, que fundamentou seu projeto em duas peças-chave: um desnível pronunciado entre o living e a sala de refeições e um aparador de resina, desenhado pela arquiteta, que separa as duas áreas e desempenha o duplo papel de móvel e escultura. “De uma forma sutil, o aparador delimita os dois setores, preservando a continuidade entre os ambientes e se conectando a sala”, comenta ela.

Espécie de palco da casa, a área do living, que conta com uma de suas paredes revestida com chapa metálica, concentra a maioria das obras de arte e de design garimpadas pelo casal ao longo de sua vida, além das adquiridas recentemente sob orientação da arquiteta.

Entre elas, uma tela em vermelho intenso, logo na entrada, de Gabriela Costa, ao lado de cadeira de metal e resina de cadeira do holandês Maarten Baas, gravuras de Barsotti, escultura de Marcelo Silveira, fotos de Luc Bresson, além de uma poltrona Vermelha, clássico de Fernando e Humberto Campana.

“Procurei buscar uma coexistência harmônica entre artistas e móveis de períodos distintos por meio de novas combinações, mas, ainda assim, preservando o valor de cada uma delas”, comenta Fernanda, que assina também uma das peças da coleção, o banco Infinito, feito de aço inoxidável.

Equacionado o setor social da casa, todas as atenções se voltaram para o desenho da área íntima , que se separam, estrategicamente, do centro nervoso da casa por meio de um longo e neutro corredor.

Nos quartos, o ritmo suave da decoração não só se mantém, como se intensifica. A abordagem é ainda mais delicada, os materiais agradáveis ao toque, e as tonalidades menos pronunciadas. “Eles adoram se sentir cercados por arte e design, mas descartam a ideia de viver em uma galeria. Minha função foi encontrar o ponto de equilíbrio”, afirma a profissional.

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