Em política, nada é definitivo — e Brasília acaba de ganhar uma nova equação. O apoio declarado do ex-senador Antônio Reguffe (Solidariedade) à pré-candidatura de Paula Belmonte ao Governo do Distrito Federal, anunciado nesta segunda-feira (10), embaralhou um tabuleiro que muitos julgavam já resolvido. A eleição de 2026, tida por alguns como de “favas contadas”, volta agora a ser um jogo aberto.
O gesto marcou o retorno de Reguffe à cena política e colocou Paula no centro das atenções. Em vídeo que circula nas redes sociais, a sintonia entre os dois fica evidente. Além de agradecer o apoio, a deputada distrital afirmou que a capital da República precisa ter Reguffe de volta ao Congresso Nacional, defendendo uma política baseada na responsabilidade com os recursos públicos e na coerência de princípios.
“Estou muito honrada com esse apoio. O senador Reguffe é uma referência não só na política do DF, mas do Brasil. Brasília precisa dele de volta ao Congresso Nacional”, disse Paula, hoje no Cidadania, mas que define, até o final do mês, sua filiação ao Podemos, de Renata Abreu, ou ao Solidariedade, de Paulinho da Força Sindical. O certo, como se diz nos bastidores, é que os dois podem ser solidários na construção de um futuro que atenda aos anseios de ambos e, claro, da sociedade brasiliense.
Reguffe, por sua vez, reforçou o alinhamento político e ético entre ambos: “Foram mandatos independentes, que não pensavam em agradar ou prejudicar governos ou partidos, e sim fazer o que era melhor para a população. Isso é a verdadeira política”, afirmou.
Essa inesperada aliança rompe a lógica das previsões precoces e dos arranjos de bastidores que há meses dominavam as conversas políticas em Brasília. Ao atrair Reguffe, Paula Belmonte mostrou que, em política, o movimento certo, na hora certa, pode desmontar certezas e redesenhar forças.
Com trajetória marcada pela independência e transparência, Reguffe, que já foi deputado distrital, federal e senador, retorna ao debate público respaldado por um histórico invejável. Em 2010, foi o deputado federal mais votado do Distrito Federal e, proporcionalmente, o mais votado do país. Em 2014, conquistou votação recorde para o Senado, com 57,61% dos votos válidos.
De um lado, Paula se consolida como nome competitivo e de perfil moderado na corrida pelo Buriti. De outro, Reguffe recupera protagonismo e passa a influenciar diretamente o rumo das articulações políticas locais.
A parceria entre eles marca o início de uma nova fase, menos afeita aos velhos acordos de gabinete e mais sintonizada com valores como coerência, diálogo e independência. A julgar pelo impacto do gesto, 2026 está longe de ser uma eleição previsível. E, se depender de Paula Belmonte, será tudo, menos morna.
Nos bastidores, o movimento de Reguffe mexe com o tabuleiro de pesos pesados. O ex-governador José Roberto Arruda (de malas prontas para o PSD), que já articula seu retorno ao Buriti, observa com atenção o crescimento do eixo Paula-Reguffe, que pode capturar o eleitorado mais pragmático e ético. Uma faixa antes considerada terreno natural de seu antigo aliado.
Já Celina Leão (PP), favorita em todas as pesquisas divulgadas nos últimos dias, vê surgir uma adversária com discurso afinado e apelo entre os indecisos. Quanto a Leandro Grass (PT) e Izalci Lucas (PL) precisarão recalibrar estratégias diante de um cenário em que a previsibilidade deu lugar à disputa real.
A eleição de “favas contadas”, ao que tudo indica, virou um tabuleiro em permanente movimento. Mas ninguém pode esquecer que o sempre pragmático governador Ibaneis Rocha (MDB) cuida da Leoa como se fosse ele o ‘rei’ do Cerrado.
