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Rio deve agir rápido para conter efeitos da onda de calor

O Ministério Público Federal (MPF) e as Defensorias Públicas da União (DPU) e do estado do Rio de Janeiro (DPRJ) encaminharam ao governo do Rio de Janeiro e à prefeitura da capital fluminense um pedido para que adotem recomendações urgentes de enfrentamento à onda de calor dos últimos dias.

O ofício trata de “adoção de providências urgentes, coordenadas e intersetoriais de proteção dos grupos vulnerabilizados diante de cenários de calor extremo”.

O documento foi enviado ao governador Cláudio Castro, ao prefeito Eduardo Paes e secretários, como os da pasta da Saúde, tanto na esfera municipal quanto estadual.

O ofício aponta que as elevadas temperaturas configuram cenário de risco à saúde e à integridade física da população, “especialmente dos grupos em maior vulnerabilidade social e clínica”.

Entre os impactos à saúde, os órgãos citam “desidratação, exacerbação de doenças crônicas, insolação, exaustão térmica e, em casos extremos, o golpe de calor (heatstroke), que apresenta elevada taxa de mortalidade”.

MPF e as Defensorias destacam que os efeitos do calor extremo são sentidos de forma desigual, “afetando desproporcionalmente populações historicamente marginalizadas e em situação de vulnerabilidade social”.

Onda de calor
Desde a tarde da véspera de Natal (24), a cidade do Rio de Janeiro está no estágio 3 de calor, em uma escala que vai até 5. No nível 3, há registro de índices de calor alto (36°C a 40°C), com previsão de permanência ou aumento por, ao menos, três dias seguidos.

No dia 25, os termômetros marcaram 40,1°C, recorde do mês. Para este sábado (27), a previsão do Alerta Rio, sistema de meteorologia da prefeitura do Rio de Janeiro, é temperatura máxima em 38°C.

Neste domingo (28) deve chegar a 40°C. Alívio com chuva só a partir de segunda-feira (29), mas ainda com temperatura perto de 40°C.

O calor excessivo tem levado centenas de pessoas às unidades de saúde. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, a rede de urgência registrou média de 450 atendimentos por dia.

Os casos mais comuns possivelmente relacionados ao calor são tontura, fraqueza e desmaios, além de queimaduras solares.

No âmbito estadual, o governo alertou todos os 92 municípios para os perigos do calor excessivo.

O tempo quente dá as caras também em grande parte do Brasil. A explicação está em um bloqueio atmosférico.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta vermelho para onda de calor que atinge partes das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

Grupos vulneráveis
No ofício enviado ao estado e a prefeitura do Rio, o MPF e a Defensoria apontam os seguintes grupos de risco:

crianças, especialmente lactentes, recém-nascidos e prematuros;
idosos acima de 65 anos;
gestantes e lactantes;
pessoas de doenças crônicas e com deficiência;
trabalhadores ao ar livre e desportistas;
indivíduos com restrição de mobilidade e acamados;
população em situação de rua.

Especificamente sobre população em situação de rua, o comunicado cita que um protocolo municipal reconhece que a condição clínica é agravada pela vulnerabilidade social, uma vez que:

estão mais expostas ao calor extremo devido ao menor acesso a ambientes refrigerados e à proteção solar;

sujeitas a elevada carga de morbidade por diversas condições clínicas determinadas socialmente;

menor acesso a água potável e resfriada, bem como a alimentos adequados.

O MPF, DPU e DPRJ lembram que o próprio protocolo municipal orienta medidas como:

ativação de centros de hidratação nas unidades de Atenção Primária à Saúde;

designação de pontos de resfriamento em locais com ar-condicionado ou refrigeração, com divulgação à população;

ampliação da oferta de estações de hidratação ou distribuição de água nos locais de acolhimento das populações mais vulneráveis;

possibilidade de ampliação dos horários de funcionamento dos locais públicos com ar-condicionado, refrigeração ou áreas sombreadas.

Recomendação e prazo
Entre as recomendações ao estado estão o preparo do Corpo de Bombeiros para o resgate de pessoas e garantia da disponibilidade de leitos e capacidade de atendimento na rede de saúde.

O MPF e as Defensorias cobram que município e estado informem, dentro de 24 horas, medidas concretas deflagradas, com “indicação precisa” de:

pontos de resfriamento ativados, com endereços e horários de funcionamento;

locais e horários de distribuição de água e hidratação;

unidades de saúde atuando como centros de hidratação;

fluxos de atendimento e encaminhamento ativados;

operações de resgate e atendimento pré-hospitalar realizadas.

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