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Rollemberg e Reguffe estão bem, obrigado; só precisam sair do casulo

O governador Rodrigo Rollemberg terá que encontrar, arrecadando e economizando, 330 milhões de reais por mês durante um ano, só para tapar o rombo deixado pelo governo anterior nos cofres do GDF. Essa é a conta revelada pelo deputado distrital Raimundo Ribeiro, líder do governo na Câmara Legislativa, em entrevista a Notibras.

Experiente parlamentar em seu terceiro mandato (mesmo que em períodos intercalados), ele não faz segredo sobre o processo de eleição da presidência e cargos diretores da casa. Nem das negociações que permitiram atrair a maioria absoluta (20 dos 24 deputados) com quem hoje Rollemberg conta para aprovar suas emergências. E não serão poucas.

As decisões anunciadas na manhã da terça 27 pelo governador e sua equipe ainda serão insuficientes, acredita o líder governista. Para fechar o pacote de medidas, o deputado esteve até de madrugada acompanhado da presidente Celina Leão com o secretariado do governo.

A explicação dada por Ribeiro é que o período de transição, quando o governo que deixou o Buriti deveria ter antecipado a real situação para a equipe que assumiria a seguir, não aconteceu. E só agora a caixa preta foi aberta.

Esse piauiense advogado conhece bem a máquina; ele já foi secretário do GDF e não tem constrangimento em afirmar que indicou alguns nomes para compor o governo atual, não necessariamente no primeiro escalão. Entende que é uma forma de colaborar com Rollemberg, que não completou um mês no comando do Distrito Federal e já coleciona um leque de problemas graves.

Sobre seu partido, o PSDB, que sofreu importantes baixas nos últimos anos, ele acredita que haverá uma recomposição de nomes e poderá ter uma participação mais efetiva nas próximas eleições. Apontou como acertada a decisão de Pitiman ter disputado o último pleito, apesar de um pífio desempenho nas urnas. Acreditavam que os votos de Arruda migrariam para o candidato de seu partido, o que não aconteceu.

Raimundo Ribeiro lidera um bloco do PSDB que, segundo ele, está orientado a ser programático e não pragmático. Se Rollemberg vai entender bem a mensagem, só o tempo vai dizer. Porque, por enquanto, existe um governo reativo que a cada dia descobre um novo rombo.

Perguntado sobre o motivo da pouca participação do senador Antônio Reguffe (PDT) nas decisões do GDF, não acredita que seja um afastamento prematuro e calculado, visando 2018. Em outras palavras: não há crise entre os dois, embora muita gente tente mostrar o contrário. “Seria um comportamento incompatível com aquele que Reguffe teve durante a campanha ao apoiar Rollemberg”, diz Ribeiro. Difícil é saber quem não está dando importância a quem.

Pode ser apenas impressão dos primeiros dias, quando Reguffe e o próprio governador estão recolhidos e têm frequentado muito pouco a mídia. Ambos precisam falar mais com o público – é o que se avalia das palavras de Raimundo Ribeiro –, comunicar decisões e projetos de forma precisa para evitar o faz e desfaz, como aconteceu com a Administração de Ceilândia.

A informação divulgada foi a de que aquela cidade seria dividida em duas e aí o circo pegou fogo. Rollemberg teve que recuar de uma iniciativa que era razoável para uma cidade com mais de 500 mil habitantes. Bastava ter comunicado que uma nova unidade administrativa seria um reforço e um ganho para a população, segundo Ribeiro, e não falar em divisão.

O deputado ilustrou com outros exemplos alguns equívocos da comunicação institucional que deverá ser corrigida antes que a cobrança do eleitor ganhe mais força que a memória coletiva sobre a declarada herança maldita deixada pelo governo do PT, como afirma o Buriti.

Esse argumento perderá força brevemente e se Rodrigo Rollemberg não sair do cativeiro voluntário – ou orientado – e encarar as pessoas, ao contrário de utilizar secretários e assessores mensageiros, suas dores de cabeça poderão ter reflexos em outras áreas.

A propósito desse entendimento, o deputado Raimundo Ribeiro se diz um mero despachante da população. Ele e outros 19 colegas da base governista estão lá para servir e não acredita que os outros 4, da oposição a Rollemberg, tenham qualquer motivo para criar dificuldades.

Sua convicção vem do rolo compressor legislativo que o atual governo foi capaz de construir na CLDF. As negociações das quais Raimundo Ribeiro participou emplacaram cada um dos nomes que hoje dirigem a Câmara. Inclusive Celina Leão, que passou seu último mandato apanhando da base de Agnelo, forçada a um isolamento imposto pela maioria da bancada passada e que agora é quem vai pilotar, com Liliane Roriz, a Câmara Legislativa.

Quem diria. Raimundo Ribeiro, o deputado programático que atuou na nova composição, revelou que a oposição até foi convidada a sentar à mesa. Mas os 4 mosqueteiros, liderados por Chico Vigilante, fizeram cara feia quando viram o prato servido. Ainda assim, tiveram que engolir.

Kleber Ferriche – Participou José Seabra

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