Notibras

Romper cordão umbilical não precisa de agenda

É assustador e ao mesmo tempo maravilhoso ver minha filha crescer e adquirir independência aos pouquinhos. Há poucos meses ela era absolutamente dependente de mim para tudo, do leite ao sono, da roupa ao colo. Hoje, me espanto com cada pequeno traço de autonomia que floresce em seu comportamento: já entra e sai do berço sozinha, decide quando quer dormir, escolhe o brinquedo que quer levar para o banho. Nesta semana, para minha surpresa e emoção, aprendeu a descascar uma banana. Fiquei olhando, meio sem acreditar. Era como se o tempo, ali, tivesse me mostrado o quanto ele passa depressa.

É fascinante vê-la decidir que quer comer uma fruta e fazer isso sem pedir ajuda. Já tira a própria roupa antes do banho, já tenta colocar os sapatos sozinha, já demonstra aquela vontade genuína de “fazer sozinha”. E eu, que sempre achei que desejaria esses momentos de descanso, percebo que, junto com a liberdade dela, vem também uma pontinha de saudade.

Não é só porque sou uma mãe coruja. É porque eu sei que a cada novo dia nascerá um traço de independência, até o momento em que ela vai me dizer, com firmeza e doçura, que quer morar sozinha, seguir o próprio caminho. E talvez até lá, eu deva simplesmente atender a todos os colos que ela me pede, sem reclamar do cansaço, sem olhar para o relógio. Porque sei que chegará o tempo em que os colos serão raros, e o que vai me restar será apenas o privilégio de ter sido o primeiro abrigo onde ela aprendeu a ser livre.

Sair da versão mobile