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Rosa Weber vai julgar crimes de Izalci contra Paula Belmonte

Uma das minhas últimas missões como repórter, foi acompanhar os trabalhos da CPI da Pandemia. Afinal, estava entrando na casa dos 70 – 53 dos quais em redações -, e já não suportava presenciar tanta hipocrisia. A propósito, numa das reuniões da Comissão, um grupo de jornalistas, lá no fundo da sala, comparou a atuação de Izalci Lucas como a de advogado, promotor e juiz que desejavam inocentar um réu. O suspeito, no caso, era a VTCLog, do grupo Voetur, com as asas rachadas de tanto transportar corrupção.

Izalci, comentou-se, agia, no caso específico da VTCLog, contra todos os objetivos que fundamentaram a criação e a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito. Está mais para sacripanta – houve quem dissesse -, uma vez que o senador desafiava Deus e o mundo (representado pelos demais integrantes da CPI) a provarem, como depois ficou provado, que não havia um centavo de corrupção, mas milhões de reais.

Sacripanta é um adjetivo que tem várias definições, como velhaco, indigno, patife, falso beato… isso sem falar em traidor. Algo como Judas, mas que vislumbra muito mais do que meras 30 moedas.

Hoje, o senador, que se imagina uma águia da política, embora não passe de um tucano de asas cortadas, responde a diferentes ações no Supremo Tribunal Federal. Pode mesmo ter seu mandato cassado nas próximas horas. Ou, na melhor das hipóteses, ser impedido de disputar o Palácio do Buriti, diante do jogo vil que vem praticando, em especial contra a deputada federal Paula Belmonte, presidente regional do Cidadania.

Velhacos jogam, mas costumam tropeçar nas próprias pernas. O mais novo processo contra Izalci – amigo de longa data do governador Ibaneis Rocha – está nas mãos da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal. Trata-se de interpelação judicial por violência de gênero. O tucano finge que quer ser governador, mas a estratégia, no fundo, é impedir que forças políticas respeitadas batam de frente contra o atual ocupante do Buriti. E sem alianças, sem votos, o senador é mais um aliado-fantasma de Ibaneis.

Analistas políticos avaliam que Izalci, contabilista, fez as contas erradas. Como se vítima fosse de Alzheimer, agiu com ouvidos de surdo e olhos de cego para desconsiderar uma lei que pune violência política de gênero.

Para quem não sabe, um dos últimos indícios criminais que recaem sobre Izalci Lucas é o de ter vazado um documento com informações sigilosas sobre o estado de saúde de Paula Belmonte. O objetivo era o de constranger a deputada. Porém, foi mais um tiro no pé em meio à disputa que os dois travam pelo comando da Federação PSDB-Cidadania na capital da República. Paula, reunida com correligionários, foi surpreendida com a divulgação do documento após justificar a falta em uma reunião e apresentar o atestado somente a Izalci.

Juristas são unânimes em afirmar que a divulgação do atestado médico ofende o princípio resguardado pela Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018), como também se configura violência política contra a mulher, conforme indica o artigo 326-B do Código Eleitoral, e objeto de vedação nos termos do artigo 3º, da Lei nº 14.192/2021.

A interpelação junto ao Supremo, segundo Paula Belmonte, é para “reparar uma injustiça e alertar a sociedade sobre os limites da disputa política, que não pode se tornar um vale tudo em que se atenta contra a ética e a dignidade da mulher.”

Ainda pré-candidata ao Palácio do Buriti, a deputada enfatiza que “mostramos mais viabilidade política e mais alianças, mas, mesmo assim, o meu direito de ser candidata não está sendo respeitado. Se não bastasse a questão política, a minha intimidade foi violada com a divulgação desse atestado médico. Espero que seja feita justiça”, enfatiza, otimista.

A lei 14.192 estabelece que é crime assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar uma candidata, com menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou ainda à sua cor, raça ou etnia. A lei também vale para mulheres que já ocupam cargos eletivos.

Como se vê, Izalci, que sonha com voos mais altos, pode ter o mesmo destino de Ícaro. Quiçá Notibras, de onde afastei-me em dezembro último, permita-me escrever algo sobre a queda lá do alto. Pode até demorar. Mas, para quem já fez setenta, esperar mais quatro é como o vapt-vupt de Chico Anysio.

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