Se o Eduardo Martínez pode, eu também posso.
Certa vez, li um soneto de um vate angolano, intitulado Maboques de amor. Não sabia o que eram maboques, perguntei-lhe por SMS, aprendi: “termo literário angolano para seios virgens”.
Achei bizarro os seios terem de ser virgens, a moçoila não, mas fiquei na minha. Só que não resisti, e eu, que só escrevo contos, cometi este soneto, escrito em português de Portugal:
Os maboques da chavala
Segurei os maboques da chavala,
Mordi os bicos, cobri-os de beijos.
Mas logo logo parei de beijá-la,
Pastoreava cabras, sabia a queijo.
Mas ao ver de baixo aquele himalaia,
A seduzir-me, avancei sem pejo.
Empreendi a tarefa de escalá-la
Movendo-me a custo, de arquejo em arquejo.
Voltei aos maboques, uma coisa perfeita,
Tentando mergulhá-la numa volúpia louca
Como se fora escravo, servo, um seu capacho.
Mas a chavala estava insatisfeita
E, paciente, espera que use a boca
E minha língua, muito mais embaixo.
