Desde a condenação de Jair, muita gente tem repetido a mesma pergunta: quem será o candidato da direita? Ontem, essa novela ganhou mais um capítulo daqueles que não surpreendem ninguém que acompanha a lógica da família Bolsonaro. Foi divulgada a informação de que Jair teria dito a interlocutores que sua escolha é o próprio filho Flávio, hoje senador.
Se isso realmente se confirmar, estaremos diante de um cenário curioso: pela primeira vez em muitos anos, Flávio pode ficar sem mandato. Não porque decidiu descansar ou fazer outra coisa da vida, mas porque as chances de vencer Lula são baixas. Jair sabe disso melhor do que ninguém. Ainda assim, ele empurra o filho para um jogo quase perdido.
E aí vem o ponto central: Jair não aceita, em hipótese alguma, que sua família saia da mídia, que desapareça dos holofotes. Eles precisam estar sempre no centro da cena, mesmo que isso custe a própria eleição. Não há cálculo político, não há estratégia eleitoral, não há preocupação com aliados. Há apenas uma coisa: o projeto de poder familiar, quase hereditário, que Jair tenta manter vivo a qualquer custo.
Tarcísio, claro, deve estar engolindo em seco. Depois de tanto esforço para se viabilizar como liderança nacional, vê o “chefe” reduzir tudo a um jogo doméstico, uma sucessão interna, como se a direita brasileira fosse apenas um núcleo familiar ampliado. Mas Jair não está nem um pouco preocupado com isso. Para ele, não importa o que aconteça com a direita, com o país ou com possíveis aliados.
A única preocupação real de Jair é garantir que o sobrenome Bolsonaro continue no centro da política brasileira, mesmo que isso signifique levar os próprios filhos a disputas improváveis, arriscadas e, muito provavelmente, perdidas. É a velha história: não se trata de um projeto de país. Trata-se, única e exclusivamente, de um projeto de família.
