(Eu 1) “Você acha que sempre tá com a razão…nega boçal!”
(Eu 2) “Raciocínio e lógica, queridinha…Reclamando de novo?”
(Eu 1) “Não enche…eu sei…discordou, você detesta!”
(Eu 2) “Nada. Você não argumenta e parece louca, desequilibrada”
(Eu 1) “Doida, eu?…De perto todo mundo é, sabia?”
(Eu 2) “De perto ninguém é normal… e a frase é do Caetano”
(Eu 1) “Sei lá de quem…e lá vem você com citações, doutora, né?”
(Eu 2) “Doutora sim…e você? Nem terminou a universidade…”
(Eu 1) “Não mesmo; pra ficar com diploma e desempregada?”
(Eu 2) “Como eu…completa, nojenta…Não manipule, tá?”
(Eu 1) “Falo na tua cara; verdades!… Tô certa ou tô errada?”
(Eu 2) ” kkkk… peraí, isto é novela, é o Sinhozinho Malta”
(Eu 1) “E daí? E o que você tem contra novela?”
(Eu 2) “Nada, só acho perda de tempo, coisa banal…”
(Eu 1) “Você só gosta é de coisa chic, classuda, né?”
(Eu 2) “Qualidade…não sou preconceituosa como você”
(Eu 1) “Preconceituosa? Eu?…mas é vagabunda mesmo, né?
(Eu 2) “Vagabunda é a tua mãe…quer dizer, a nossa mãe…”
(Eu 1) “Tira a mãe desta discussão. Vou dar na tua cara…”
(Eu 2) “Não tiro, não!…a mãe é minha também, tá?”
(EU 3/mãe) “Meninas, hora de desligar. Boa noite”
Fechou os olhos. Dormiu até os primeiros raios da manhã.
Acordou e falou para si mesma:
“Tempos bélicos, gente louca, sem noção, né?”
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Gilberto Motta é escritor, jornalista e docente acadêmico. Vive na pequena vila da Guarda do Embaú, no litoral de SC.
