algum segredo
há no alarido das cidades
esse sortilégio de templo aberto
sacraliza borracha em asfalto
canto de sirene
xingamento de gente
burburinho de último banco de igreja
é marco fundador da civilização
em nome dela e do pedestal da ciência
jogaram metal quente em formigueiro
esperaram esfriar
os corpos pretos
uma escavadeira precisou retirar
uma das maiores redes viárias já conhecidas
raízes nuas de copa de árvore
ao contrário
chamaram um artista
que chamou tudo de conceito
e os artrópodes embalsamados
cor de prata
amalgamados nas ruas que criaram
viraram peça de museu
…………………
Guilherme, carioca nascido em 1986, encontrou na poesia sua expressão desde a adolescência. Formado em Direito pela UFRJ e em Psicologia pela Estácio, lançou em 2024 o livro “Esta leitura é gratuita” pela Editora Patuá. Desde então, mantém no Instagram o perfil @guiesuaspoesias, dedicado à poesia independente.
