Tio Romerito destoava dos irmãos por ser grandão, corpulento que nem estivador. Entretanto, apesar do corpanzil, era considerado o apaziguador da família. Mas não suportava covardia e, quando se deparava com uma, era difícil controlar o ímpeto de fazer justiça com as próprias mãos.
Rosana, por acaso a sobrinha favorita do tio Romerito, andou por um tempo de caso com Romualdo, rapaz lá pelos lados de Brasília. E, apaixonada que estava, a moça resolveu se mudar para a capital, de onde mandava notícias semanalmente. Dessa forma, tudo parecia bem, até que, em um domingo, a mulher, chorosa, telefonou para a mãe.
— O que foi, minha filha?
— Mainha, o Romualdo, não sei o que deu nele, me tacou a mão.
Tal acontecimento, não tardou, caiu nos ouvidos do tio Romerito.
— O quê? Bateu na minha sobrinha? Pois isso não vai ficar assim!
Tio Romerito, ideia fixa, queria porque querida dar fim no gajo.
— Vou matar esse desgraçado!
César, também sobrinho do tio Romerito, precisou fazer as vezes de conciliador.
— Se acalme, tio!
— Acalmar como, César? Homem nenhum bate na minha sobrinha e fica por isso mesmo.
— Vamos fazer o seguinte. A gente telefona pro safado e diz que vai matar ele. Mas a gente não vai matar ele. É apenas um susto. Tá bom, tio?
— Hum!!
Tio Romerito acabou concordando com César e, então, telefonou para Romualdo, que já sabia da fama do parente da mulher.
— Romualdo, quando eu te encontrar, vou te matar.
— Seu Romerito, a Rosana e eu já nos acertamos.
— Isso não me importa, seu safado. Quero que você saiba que, quando eu te encontrar, vou te matar.
— Mas, seu Romerito, a gente já se acertou. Tá tudo certo agora.
— Olha aqui, seu safado, quando eu te encontrar, vou te matar.
Por mais que Romualdo dissesse que as coisas entre ele e Rosana estivessem bem, tio Romerito não abaixou o tom. Pior, o sujeito disse que já havia comprado passagem para a capital e, não tardaria, iria resolver a coisa à bala. O blefe funcionou, pois Romualdo, temendo as ameaças, sumiu do mapa.
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Eduardo Martínez é autor do livro 57 Contos e Crônicas por um Autor Muito Velho’
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