Não sei o que fazer de mim
quando a noite me visita com lembranças,
e o destino se revela em fragmentos
enquanto converso com a sombra do que sou.
É o sussurro do inconsciente
quando o coração se ocupa
com o nome que pulsa em silêncio
aquela presença que não se apaga.
A alma, inocente viajante,
compadece-se dos delírios da existência,
dos excessos que o amor impõe
a quem sente demais.
Ah, se eu pudesse ser teu reflexo,
o eco do teu ego,
para estar tão perto
que a dor não encontrasse abrigo.
Eu seria o ar que te envolve,
a brisa que te compreende,
bebendo teu sopro como quem
acolhe a essência da vida.
Seria vento sem cor,
sussurrando nas batidas do teu peito,
curando com ternura
as feridas da minha inocência.
A cada hora, eu te velaria,
como quem cuida de um jardim em silêncio,
aliviando teus cansaços,
acolhendo tuas inquietações.
Eu seria o sopro que te acaricia,
o perfume que te consola,
o gesto que te embala
quando o mundo pesa demais.
Estaria em ti não como invasão,
mas como presença sutil,
acariciando teus sonhos
sem perturbar tua paz.
Sou aquela que sofre em segredo,
que sente o peso do afeto cativo,
preso à alma que vive em ti
sem jamais ser liberto.
Peço ao destino apenas isso:
estar em teu sono como brisa de orvalho,
compartilhar o silêncio dos sentimentos
e decifrar o mistério do teu olhar.
Quero saber se são verdadeiras
as tristezas que carrego,
se a nostalgia que me visita
é também tua companheira.
E se um dia me perguntasses
por que existo,
eu te colocaria num altar de estrelas,
para que o mundo soubesse o quanto amo-te,
que amar é a mais bela oração.
Estar em teus pensamentos
até o fim dos nossos dias,
sentindo o que sinto
nas noites em que a alma se desnuda.
Não sei o que aconteceria
quando o tempo se dissolver,
mas sei que tudo o que é bom
nasceu do desejo de compartilhar
as fragrâncias da vida contigo.
Pois só sei o que sei:
que és a razão secreta
desta rotina que me consome,
e que mesmo sem saber,
É a poesia que escrevo,
O verso que canto,
Tua lembrança
curas minhas feridas
com a ausência que me habita.
