Vou-me refugiar na ilha da Indonésia
e nos mil e um templos,
ao som hipnótico das flautas desconhecidas,
poderei conversar com os deuses.
Com os pés em direção ao mar dos tubarões,
a cabeça voltada para o vulcão,
estará meu corpo estirado ao chão,
onde os galos brigam
em símbolo de vida e morte.
Irei-me unir à dança dos macacos,
compor poemas épicos,
como Ramayana e Mahabarata.
Besakih e Menghwui
ensinarão-me as religiões,
mesmo diante do temível Krakatoa.
Bordando tecidos,
dando vida às marionetes
com máscaras que criarei;
farei de Bali meu abrigo,
como Brahma, Siva e Vishnu.
De oferenda, pintarei um quadro íntimo
onde o divino e o profano
não terá separação…
E quem sabe, um dia
a libertação de minh’alma será comemorada
no funeral deste sonho místico,
perfeito, eterno.
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Publicado no Livro: Poeira de estrelas e sonhos, ed. Scortecci, 2011.
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