Amor, sabes o contorno da tua própria jornada?
Ou apenas imaginas quem sou,
como quem decifra um reflexo na água?
Para que me alcances de verdade,
precisas escutar o compasso do meu coração,
onde tua presença já pulsa.
Haverá luz depois da penumbra,
uma claridade que acaricia tua pele
como lembrança que não se apaga.
E quando a noite descer,
não sonharei em te consolar,
serei o abrigo onde teus sonhos repousam.
Serei o confidente da tua essência,
aquele que recolhe teus arrependimentos
e os entrega ao perdão que não julga,
como quem oferece pétalas ao vento.
Serei o tempo que marca tua ternura,
impedindo que tristezas se repitam,
guiando teus passos por trilhas de afeto,
onde os gestos são feitos de abraços
e os instantes se vestem de beijos.
Serei alegria e discernimento,
um desejo que pulsa em doze acordes,
melodia que dissolve tua sombra
e acende tua alma em cor.
Serei o elixir que acalma tua inquietude,
a luz que percorre teu ser inteiro,
lançando redes sobre teu oceano
para colher o brilho do teu desejo mais secreto.
Serei o que a lua te confidenciar,
o que teus olhos sabem sem dizer,
o que vive além do que sou,
sem que meu coração perca o ritmo.
Serei o que tua alma permitir,
e se preciso for,
viajarei até o limite do universo
para ser tua cura invisível
e te oferecer, com doçura,
um beijo que não termina.
