O que significa a palavra “empatia”, afinal? Bem, como a maioria dos termos que usamos em nosso dia a dia, sua origem remonta à Grécia Antiga. A palavra “Empatheia” (En = em, Pathos = emoção, sentimento) foi usada pela primeira vez no início do Século XX pelo psicólogo alemão no sentido estético, para indicar a relação entre o artista e o espectador que projeta a si mesmo na obra de arte. Ou seja, o espectador se identifica de tal forma com o que lhe é apresentado que, de um momento para o outro deixa seu papel passivo de lado e passa a viver realmente aquilo que lhe foi apresentado…
A empatia envolve três componentes, sendo estes o afetivo, o cognitivo e os reguladores de emoções. Quando compreendemos o estado emocional do outro, quando compartilhamos sua dor é o componente afetivo em ação. Quando conseguimos deliberar sobre o estado mental do outro, bem… só pode ser nosso componente cognitivo, não é mesmo? E finalmente… quando estes dois componentes estão em ação e conseguimos discernir a situação vivida por outra pessoa além da nossa própria… é o regulador de emoções…
Podemos dizer que a empatia não é apenas colocar-se no lugar do outro, mas sim sentir a sua dor. O que não é assim tão fácil, uma vez que temos tendência ao egoísmo. Afinal, sempre que algo nos coloca em perigo, real ou imaginário, dificilmente nosso sentimento altruísta se manifesta. Nosso senso de preservação fala mais alto que qualquer outro, por mais elevado que seja…
Para que possamos ser empáticos com outra pessoa há a necessidade de estarmos próximos a ela. Porque se não estamos próximos àqueles que estão passando por uma situação extremada, nossa visão sobre estes será de indiferença. Não haverá a conexão necessária, a química simplesmente não despertará em nós qualquer tipo de sentimento. O sofrimento alheio só desperta alguma emoção em nosso ser quando está bem próximo a nós. E algumas vezes, nem assim…
Quando cruzamos com alguém que está passando por uma situação difícil em sua vida… um morador de rua, por exemplo… nosso primeiro pensamento é fugir do mesmo, não o deixar nos abordar. E mesmo quando este consegue falar conosco, nosso desejo é que este se afaste o mais rápido possível. Muitas vezes até lhe ofertamos algumas moedas… não por compadecimento por sua situação, mas para que possamos nos livrar do mesmo o mais rápido possível…
Se a pessoa que precisa de ajuda é próxima de nós é mais fácil nos identificarmos com ela. Conseguimos sentir sua dor, pois ela está ao nosso lado. E por esse motivo, procuramos dar nosso melhor para ajudá-la. Nem sempre é possível, pois há inúmeras variantes que podem nos impedir de estender a mão. Mas com certeza tentaremos… por outro lado, se esta não tem nenhuma ligação conosco, já fica mais difícil nos identificarmos com seu problema. Podemos tentar ajudar, nos forçando a ser altruístas… e depois de algum tempo, tal ato poderá tornar-se quase natural para nós. Mas ainda assim, instintivamente, escolheremos aqueles que iremos ajudar…
Exemplos ao nosso redor não faltam. Podemos nos compadecer de grupos famélicos que estão a quilômetros de distância de nós, mas nem por um momento nos atentamos que há pessoas em igual ou pior situação em nosso entorno. Nos sentimos compelidos a enviar ajuda para crianças do outro lado do mundo, mas fingimos não ver aquelas que gravitam ao nosso redor, sem ter que lhes estenda a mão… somos seletivas quando o assunto é empatia…
E o que falar da guerra, tanto a de Estado contra Estado quanto aquela que enfrentamos no dia a dia? Nos jornais temos relatos de conflitos sangrentos diariamente… e nem sempre sentimos qualquer tipo de sentimento, tanto pelos que partiram quanto por seus familiares que ficaram. Sim, nossa empatia é seletiva. Claro que essa é uma defesa de nosso ser. Mas ao mesmo tempo é uma falha de nossa índole. Afinal, se sentíssemos a dor de todos os nossos semelhantes, seria algo terrível, eu concordo. Mas ao mesmo tempo, a vida seria bem mais leve, pois não haveriam conflitos de espécie alguma… pois se machucássemos nosso irmão, sentiríamos na pele tal ato…
Então, o que nos resta? Bem, eu diria que necessitamos evoluir como seres humanos. Quanto mais nos sentirmos próximos de nossos semelhantes, mais próximos da verdadeira paz nos encontraremos. E, quem sabe, um dia possamos desfrutar da verdadeira Paz Celestial. É utopia. Mas sonhar ainda é de graça, não é mesmo?…
