Dizem que existem dois tipos de pessoas no mundo: as que estão o tempo todo com calor e as que estão sempre com frio. E, claro, essas pessoas geralmente se apaixonam e decidem dividir o mesmo teto. Um erro estratégico da natureza, eu diria. Aqui em casa não é diferente e eu sou a calorenta da relação. Costumo dizer que quando o termômetro marca qualquer temperatura acima de 23 graus, eu já estou suando. E não é um suor poético não, é o suor pegajoso, desconfortável, aquele que faz a roupa grudar e que se instala atrás dos joelhos.
Enquanto eu luto pela sobrevivência no calor, meu marido vive num eterno inverno particular. Ele sente frio em qualquer temperatura abaixo de 27 graus. Se dependesse dele, o ar-condicionado seria uma peça decorativa e o cobertor, um item obrigatório até em outubro. Já eu, se pudesse, dormia dentro da geladeira, abraçada a um saquinho de gelo e com um ventilador na cara.
Parece bobagem, mas a incompatibilidade térmica é um desafio real num relacionamento. A gente discute menos por causa de ciúmes e mais por causa da regulagem do ar. Eu ligo, ele desliga. Eu abro a janela, ele fecha. E assim seguimos tentando encontrar o ponto de equilíbrio que, até hoje, não descobrimos se existe.
No fundo, acho que essa diferença é o segredo da convivência: ele me refresca e eu o aqueço e assim o nosso amor continua na temperatura ideal.
