Sinto uma invejinha (daquelas boas, juro!) do meu marido Eduardo. Ele senta, escreve um conto, cria um personagem misterioso, trama um enredo com final surpreendente e ainda tem tempo pra tomar um café enquanto a história ganha prêmio em algum concurso literário por aí.
Eu? Mal consigo criar um personagem que não seja eu mesma, estressada, de calça vermelha, tentando lembrar onde deixei o celular enquanto reflito sobre o sentido da vida de um ornitorrinco. Tudo isso entre uma mamadeira e uma notificação do WhatsApp.
Eduardo habita mundos fantásticos. Eu habito o caos. Ele inventa histórias. Eu só consigo escrever sobre a minha própria desordem.
Mas tudo bem. Enquanto ele cria ficção, eu crio sobrevivência.
Sim, é assim que sobrevivo: decifrando o mundo com certa dose de bom humor; o que, convenhamos, também exige certo esforço.
