O aumento nos casos de burnout, ansiedade e depressão entre adultos, especialmente mulheres e profissionais da educação, expõe a falência da utopia neoliberal do “dar conta de tudo”. O corpo entra em colapso, mas o sistema exige sorrisos em reuniões virtuais. A psique se desmancha enquanto se aperta o botão de compartilhar stories motivacionais.
Michel Foucault nos lembra que o poder opera por meio de discursos, e um dos mais potentes é o da positividade tóxica: sorria, produza, agradeça. Mas como agradecer por um mundo que adoece ao exigir rendimentos inumanos? Silvia Federici diria que o cuidado foi transformado em exaustão, e a sociologia do trabalho, de Castel e Dejours, confirma que o sofrimento psíquico é produzido institucionalmente.
A saúde mental adulta virou mercado e não política pública. Enquanto a clínica particular lucra, o CAPS sangra. A loucura se tornou mercadoria, e a escuta, luxo. Precisamos recusar essa lógica e refundar espaços de pausa, cuidado e desobediência afetiva.
