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Trump é macho mesmo? Então, por que não ameaça Putin e Xi?

Não sei vocês, mas eu acordo todos os dias com a leve impressão de que Donald Trump tem um problema pessoal com o Brasil. Não é só birra, é algo mais profundo, talvez uma obsessão tropical mal resolvida. Enquanto o mundo gira, ele mira. E o alvo? Nós. O quintal ensolarado da América Latina, a terra do samba, do café e — agora — da paranoia geopolítica.

Trump diz que odeia o Brics. Que o bloco é uma ameaça à supremacia do Ocidente, que querem substituir o dólar por um punhado de moedas exóticas e instaurar uma nova ordem mundial. Mas… curioso. Se ele realmente odeia o Brics, por que escolheu o Brasil, logo o Brasil, como bode expiatório?

A Rússia invade, mata, ameaça apertar o botão nuclear. E Trump? Cala a boca e aplaude com os olhos. A China espia, compra, planta chips em geladeiras e até em bonecas da Barbie — e o presidente norte-americano apenas resmunga, com aquele topete em desalinho. A Índia joga dos dois lados, faz negócios com Putin e Tio Sam ao mesmo tempo, e ninguém ousa questionar. A África do Sul? Essa aí passa batida, talvez porque Trump não saiba localizá-la no mapa. Mas o Brasil… ah, o Brasil é perigoso demais.

Talvez seja o café. Ou o açaí. Ou quem sabe a existência de Alexandre de Moraes, que aparentemente vive de graça no condomínio mental do trumpismo. Talvez seja porque, diferente dos outros, o Brasil ousou desobedecer as ordens veladas de Washington sem ter bomba atômica para se proteger. Somos rebeldes sem míssil. E isso, para certos cowboys de terno e gravata, é imperdoável.

Então ele ameaça sanções, impõe tarifaço, ladra sobre perseguição ideológica. E no fundo, no fundinho mesmo, eu me pergunto: será que é medo ou covardia?

Porque bater em gigante com ogiva dá trabalho. Agora, chutar cachorro latino — ainda que nem tão vira-lata assim — é mais fácil. Faz barulho, dá manchete e mantém viva a ilusão de poder. Enquanto isso, os verdadeiros pilares do Brics assistem, impassíveis, tomando chá, vodka, masala ou Rooibos. E rindo. Dele. E de nós também, por tolerarmos esse teatrinho imperial reencenado no século XXI.

Mas tudo bem. O Brasil tem prática em ser o primo pobre que apanha no Natal. Só que um dia, quem sabe, a gente acorda. E aí, meu caro Trump, até o cafezinho vai ser servido frio — com gosto de vingança tropical e grãos de ironia torrada.

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