A guerra na Ucrânia, que já se estende por mais de dois anos de dor e resistência, parece caminhar para um desfecho incômodo, mas previsível. O campo de batalha revelou ao mundo que, por mais coragem que um povo demonstre, há fronteiras que a geopolítica insiste em redesenhar com ferro e fogo.
Nesta segunda-feira, 18, Vladimir Putin deixou claro ao seu homólogo Donald Trump aquilo que já vinha sendo sussurrado nos bastidores: o conflito só terá fim se a Rússia conservar os territórios conquistados na área continental e, naturalmente, a península da Crimeia. Nada de retirada, nada de devoluções.
Trump, agora investido do papel de mediador, oferece-se como ponte entre Moscou e Kiev. O acordo, ao que tudo indica, pode ganhar forma nos próximos dias, em encontro direto entre Putin e Volodymyr Zelensky, sob a tutela de Washington. A União Europeia e o Reino Unido protestam, como era esperado. Mas seus protestos soam como vozes roucas diante de uma realidade que se impõe no campo militar.
O governo de Kiev terá de aceitar. A Europa terá de aceitar. Restará ao Ocidente reconhecer que a Ucrânia, embora heroica, não conseguiu reverter a força bruta do Kremlin. É o preço amargo da paz: consolidar no mapa o que já foi tomado na guerra.
Para Putin, será o triunfo da paciência estratégica. Para Trump, a glória de ter posto fim a um conflito que a diplomacia europeia jamais conseguiu resolver. Para Zelensky, o dilema de assinar um tratado que cicatriza a ferida da guerra, mas deixa no corpo da nação marcas permanentes.
No fim, a guerra não termina com vencedores ou vencidos absolutos, mas com a certeza de que a História, mais uma vez, foi escrita pela lógica fria da força — e pela pressa em silenciar os canhões, ainda que ao custo da dignidade de um território.
E se a diplomacia chama de paz, os mapas registrarão outra palavra: capitulação. A Ucrânia, enfraquecida e isolada, assina sua rendição tácita ao Kremlin, admitindo que não pôde recuperar o que lhe foi arrancado.
Já a Rússia, mesmo com o desgaste econômico e militar, sai do conflito como vitoriosa. Não apenas manteve a Crimeia, mas ampliou seu domínio, provando que a persistência de Moscou valeu mais que as promessas ocidentais. É a vitória amarga da força sobre a esperança.
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Marta Nobre é Editora Executiva de Notibras
