O desânimo que sinto com a fibromialgia é algo difícil de explicar. É como se meu corpo tivesse desistido de me acompanhar e a cada dia eu precisasse arrastá-lo junto comigo. Acordo cansada, como se não tivesse dormido nada. A dor está sempre aqui, em algum lugar, às vezes discreta, às vezes insuportável, mas nunca me abandona. E isso mina a vontade de tudo.
É frustrante porque as pessoas olham e não veem nada. Pensam que estou inventando ou que eu estou bem, porque estou “sorrindo”. Não existe um gesso, uma cicatriz ou um sinal visível. Do lado de fora pareço normal, mas por dentro estou travando uma batalha silenciosa contra a dor, a ansiedade e o cansaço. Já perdi as contas de quantas vezes ouvi que é frescura ou preguiça. Queria que fosse. Queria poder simplesmente levantar e fazer minhas coisas sem pensar duas vezes no preço que vou pagar depois.
O desânimo vem dessa mistura: dor constante, falta de energia e a sensação de não ser compreendida. E aí surgem as perguntas que machucam ainda mais: será que vou viver assim para sempre? Será que vou conseguir realizar tudo o que sonhei, mesmo limitada? Essas dúvidas pesam tanto quanto a dor física.
No fim, o que sobra é essa sensação de estar sempre em dívida comigo mesma, como se eu nunca conseguisse ser a mulher que gostaria de ser. Fico tentando achar forças onde quase não existem e, às vezes, tudo o que consigo é apenas existir, um dia de cada vez.
