Notibras

Um retrato da extrema direita tóxica

Tenho observado a extrema direita brasileira nesses últimos meses, e a sensação é a mesma toda vez que olho para esse cenário: desde a prisão de Bolsonaro, ninguém mais se entende. O projeto que parecia sólido, coeso, quase religioso, virou um amontoado de disputas internas, vaidades, ressentimentos e brigas públicas. É como assistir a uma família que vivia posando unida para a foto finalmente revelar, diante das câmeras, que já não se suporta.

E, sinceramente, Eduardo Bolsonaro me parece um dos grandes responsáveis, talvez o principal, por todo esse caos. A impressão que tenho é que ele não aceita, não admite, não suporta a ideia de que alguém tente ocupar o papel de liderança que foi do pai. Eduardo sempre cultivou para si essa imagem de herdeiro natural da extrema direita, mas o mundo não se molda às ambições dele. Fora do país, ele não tem força suficiente para comandar nada. E aqui dentro… se colocar os pés, provavelmente será preso. É um líder sem chão, sem território, sem retorno seguro.

Nessa disputa de poder, Eduardo tem colecionado desentendimentos. Já brigou com o deputado Nicolas, com o senador Cleitinho, com o governador Mauro Mendes, e a lista segue crescendo. Nesta semana, até Romeu Zema resolveu abrir a boca e dizer o óbvio: que Eduardo Bolsonaro colocou seus interesses pessoais acima do país. Quando até os aliados decidem falar, é porque a situação realmente tomou proporções difíceis de ignorar.

A direita, aos poucos, tenta se afastar do bolsonarismo. Tenta se descolar da imagem tóxica que os últimos anos deixaram. E Eduardo, vendo esse movimento, parece se ressentir profundamente. Ele assiste, à distância, ao seu próprio grupo se reorganizar sem ele. É como se todos estivessem percebendo que seguir adiante significa, necessariamente, deixá-lo para trás.

E o mais curioso é que ainda faltam muitos meses até as eleições. Se agora já está assim, imagina quando o calendário apertar, quando as pesquisas começarem a pesar, quando as alianças tiverem que ser formalizadas? Por enquanto, só nos resta acompanhar. Cada semana oferece um novo capítulo, um novo desentendimento, uma nova cena dessa novela política que ninguém escreveu, mas que continua sendo exibida em horário nobre.

Só nos resta aguardar as cenas dos próximos capítulos.

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