Os ventos da política em Brasília mudam de direção ao sabor das conveniências, mas há quem escolha navegar com bússola própria. Nesse cenário, Celina Leão, vice-governadora de temperamento brando e raciocínio tático, avança sem pressa, mas com propósito, no tabuleiro que um dia poderá levá-la ao trono do Palácio do Buriti.
Enquanto outros ainda consultam oráculos ou disputam manchetes, Celina aposta no contato direto. Semana passada, apareceu sem comitiva na Ceilândia, onde ouviu mais do que falou. Ganhou elogios pela escuta atenta de dona Zuleide, aposentada que resumiu tudo: “Essa menina tem olho firme e pé no chão”.
Dias antes, percorreu de mãos dadas vias do Sol Nascente. Não parou para discursar. E conversou muito. O tipo de gesto que vale mais que dez entrevistas em rádio comunitária. Ganhou pontos com quem realmente importa: a base invisível, que todo político jura defender, mas poucos lembram quando os holofotes se apagam.
Em uma outra oportunidade, no Riacho Fundo II, sentou-se com representantes evangélicos, ouviu demandas sobre creches e segurança, mas fez questão de lembrar a importância do diálogo com outras crenças. No dia seguinte, compareceu a uma cerimônia no Paranoá, onde foi saudada como “filha do equilíbrio”. Aplausos dos dois lados — e, mais importante, respeito.
Tudo isso sem alarde, sem post patrocinado, sem selfie exagerada. A Leoa caminha em passos de seda, como se soubesse que o verdadeiro poder não se conquista aos gritos, mas com gestos que se acumulam como tijolos bem assentados.
Nos bastidores da Câmara Legislativa, onde se sussurra mais do que se fala, já é consenso que a sucessão de Ibaneis tem nome, sobrenome e batom discreto. O próprio governador, hoje gozando férias, já deixou escapar que confia em Celina para “dar continuidade e inovar ao mesmo tempo”.
Nesse compasso, entre conversas no cafezinho e cochichos de plenário, os deputados distritais enxergam que Celina vai se impondo. Não pela força, mas pela escuta. Não pela vitrine, mas pelo bastidor. Uma política que sabe sorrir com firmeza e apertar mãos com convicção — virtudes raras num quadradinho onde muitos se perdem entre a vaidade e o improviso.
E é assim, entre um café servido em Planaltina e um sorriso trocado no Cruzeiro, que a vice-governadora vai desenhando seu caminho. Um caminho onde não há pressa, mas há direção. Um caminho em que alianças não são trocas — são construção.
Seus aliados avaliam que quando, enfim, os sinos do Buriti tocarem por mudança, ninguém se espantará se for ela a abrir as portas, calmamente, como quem chega em casa.
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Marta Nobre é Editora Executiva de Notibras
