Ipê amarelo / no pé lá da serra
perdi meu mistério / cantando pra ela
Na estrada de luz / pintura dourada
puxando o som / rompia a jornada
É boi / é boiada / é toada de viola
vão de porta aberta / é sodade enroscada
O som misturado / buscando a estação
a mala / o terno / caixa de violão
A infância / o chinelo / cantando pra ela
o trem chacoalhando / futuro na espera
O tempo das coisas / o tempo da sorte
curva do estradão / a vida e a morte
Os olhos na história / poeira de chão
vivendo mistérios / trem da ilusão
Infância / viola / tempo ilusão
ipê amarelo / solidão borrão
Um dia já velho / casinha de serra
trilho / vida / alma / borrados de terra
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*FOTO: Mário/Motinha (pai) e Nair/Nhá Fia (mãe) – São Paulo 1947.
Gilberto Motta é escritor, jornalista, professor/pesquisador e caipira de “pé vermêio de terra” lá do interior paulista. Vive na Guarda do Embaú, vilarejo do litoral de SC.
