A vida é um livro cheio de páginas que não controlamos. E, no entanto, seguimos virando-as.
Victor Turner (1969), ao falar dos rituais de passagem, nos lembra que o humano habita constantemente o limiar, o “entre-lugar” do que foi e do que ainda virá. Viver é acreditar que há sentido em continuar, mesmo quando as respostas parecem ausentes.
“Só talvez”, dizemos, porque o futuro nunca é uma certeza. Mas esse “talvez” é o motor da existência. O sociólogo Zygmunt Bauman (2005) chamaria de esperança líquida: frágil, instável, mas necessária.
Acreditar que um dia as coisas podem funcionar é, paradoxalmente, a própria condição para seguir em frente. Pois, sem essa crença mínima, o mundo colapsaria em silêncio.
