Como cartas na mesa
O dia amanhece
Trazendo entre pausas,
o café e a leitura dos jornais
Do cessar-fogo à violência nas cidades
Uma notícia, de fato, me salta o olhar:
O voo solitário da jovem brasileira na Indonésia
E não, esta não é uma manchete de jornal
Mas mobiliza, afeta
De alguma forma, ela (Juliana Marins)
poderia ser nossa filha, irmã ou amiga mais próxima
A verdade é que
para além de vítima fatal
Ela expõe ao mundo
um incômodo ainda atual
I
O de mulher livre, sozinha e viajante
Não necessariamente nesta ordem, mas …
Coragem para poucos, de fato
I
A verdade é que
Do alto dos seus 26 anos
Juliana ousou sonhar
e, acima de tudo, realizar
Para além dos rótulos
Ela, protagonista, tinha o apoio dos pais
Que não mudou até o último instante
II
No entanto, antes que digam que
Esse é mais um manifesto feminista
A voz que ecoa pelas redes
É de uma jovem que soube viver
II
Enquanto isso. No rodapé de outra notícia, leio:
Ministério do Turismo lança campanha
que oferece 15% de desconto em hotéis
para mulheres que viajam sozinhas
III
Bad trip ou não, os tempos são outros
Mas ainda assim “difícil para os sonhadores”
Em prosa ou poesia, um revival de cartas para Juliana
