Wimbledon sob 90 °F não é apenas uma curiosidade climática. É um alerta em tênis branco. O templo do tênis, com suas tradições vitorianas, agora se curva à realidade das mudanças climáticas. Mas como toda tradição burguesa, resiste com cerimônia e ventiladores.
A Antropologia do Esporte (cf. Eduardo Archetti) aponta que os eventos esportivos são também palcos de performatividade nacional e social. Wimbledon não é só uma competição: é um ritual de classe, onde o calor perturba a harmonia do espetáculo.
Guy Debord já alertava: vivemos a sociedade do espetáculo. Quando o calor transforma o torneio em risco, o espetáculo insiste em seguir e o lucro exige continuidade. O tênis resiste, mas o planeta não.
Como bem diria Donna Haraway, é hora de aprender a “ficar com o problema”. Porque, se até Wimbledon sua, é sinal de que o jogo está longe de terminar e o placar é preocupante para todos nós.