A cana-de-açúcar está profundamente ligada à história de Pernambuco e de todo o Nordeste brasileiro. Desde o início da colonização portuguesa, no século XVI, o cultivo dessa planta transformou a paisagem, a economia e a sociedade da região, tornando-se símbolo de riqueza e também de desafios históricos.
Pernambuco foi uma das primeiras capitanias a prosperar com o cultivo da cana-de-açúcar. O solo fértil da Zona da Mata, próximo ao litoral, e o clima quente e úmido criaram condições ideais para a lavoura.
Durante os séculos XVI e XVII, os engenhos pernambucanos produziram grande parte do açúcar consumido na Europa, tornando o Brasil a maior colônia açucareira do mundo na época.
Essa atividade moldou a sociedade local:
•Surgiram os engenhos, grandes propriedades rurais onde a cana era moída e transformada em açúcar.
•Houve forte uso de mão de obra escravizada, primeiro indígena e, depois, africana.
•A riqueza da cana financiou igrejas, casarões e fortalezas, como o Forte dos Reis Magos e os conjuntos históricos de Olinda e Recife.
A cana-de-açúcar deu origem ao que hoje chamamos de Zona da Mata Pernambucana, região que se estende pelo litoral e agreste próximo. Por séculos, o cultivo dominou a paisagem, substituindo parte da Mata Atlântica por extensos canaviais.
Até hoje, cidades como Goiana, Nazaré da Mata, Palmares e Vitória de Santo Antão preservam engenhos antigos e produzem não apenas açúcar, mas também rapadura, melaço e cachaça artesanal.
Embora o ciclo do açúcar tenha perdido força com o crescimento de outras atividades econômicas no Brasil, Pernambuco continua sendo um dos maiores produtores de cana do Nordeste.
A produção se concentra em dois setores principais:
1.Açúcar refinado e cristal, destinado ao mercado interno e exportação.
2.Etanol e bioenergia, resultado da modernização das usinas, que hoje produzem energia a partir do bagaço da cana.
Além da importância econômica, a cana ainda influencia tradições culturais da região, como o Maracatu Rural, também chamado de Maracatu de Baque Solto, típico das cidades canavieiras e ligado à história dos trabalhadores da lavoura.
O setor canavieiro em Pernambuco enfrenta desafios modernos:
•Oscilação de preços no mercado internacional.
•Necessidade de mecanização para competir com estados do Sudeste e Centro-Oeste.
•Preservação ambiental, já que parte da Mata Atlântica foi destruída pelo cultivo.
Projetos de agricultura sustentável e recuperação de áreas degradadas começam a surgir, tentando equilibrar a produção com a preservação da natureza.
A cana-de-açúcar, pode-se assegurar, é mais do que uma plantação em Pernambuco: é parte da identidade histórica do estado e do próprio Nordeste. Ela conta a história de riquezas, desafios e transformações sociais que ajudaram a construir o Brasil.
Hoje, ao lado do turismo, da indústria e da produção de energia renovável, o setor açucareiro continua sendo um pilar econômico e um símbolo da herança cultural pernambucana.
