No Nordeste, o sol nasce cedo, dourando as ruas de barro e as casas simples onde a vida insiste em florescer, mesmo entre as pedras. Por trás das janelas abertas, há vozes que contam histórias de sobrevivência — de mulheres, jovens, idosos — que enfrentam todos os dias a sombra pesada da violência.
Maria, por exemplo, acorda antes do sol. O barulho da panela no fogo se mistura com o som distante de uma sirene. Vive entre o medo e a coragem, entre o silêncio imposto e a vontade de gritar. Como ela, tantas outras mulheres transformam o cotidiano em resistência: caminham de cabeça erguida, mesmo quando a vida tenta dobrá-las.
Nos becos das periferias e nas estradas do sertão, a violência tem muitos rostos — o da fome, o do desemprego, o do machismo, o da ausência do Estado. Mas também há o rosto da esperança: jovens que organizam projetos sociais, mães que lutam por justiça, coletivos que transformam dor em movimento.
A cada esquina, há uma batalha invisível sendo travada — não apenas contra o crime, mas contra a indiferença. É um combate silencioso, cotidiano, persistente. Porque no Nordeste, viver é verbo de resistência. E vivem — apesar de tudo — os que não se deixam apagar.
