Os tempos primitivos são líricos, os tempos antigos são épicos e os tempos modernos são dramáticos. Embora tenha sido cunhada em meados do século XVIII, a frase do romancista francês Victor Hugo parece ter sido escrita sob encomenda dos brasileiros de hoje. Apresentado em diversas formas e retratando experiências e emoções humanas de forma autêntica e impactante, o drama tem significado artístico, mas, no caso do Brasil de 2025, a referência é exclusivamente sobre a vida real.
É o drama da vida real, transformado em irreal pelos incompetentes que usam o drama como arma para fazer de uma pequena causa uma grande causa em benefício próprio. Embora achem o contrário, esses irritam mais do que comovem. É o que vem ocorrendo com os que, por meio de uma perigosa cortina de fumaça, querem impor ao Brasil a reidratação de um personagem que faz tempo não passa de alma penada, daquelas que vagam por não ter conseguido encontrar paz após a derrota.
Sem direção e com o único propósito de voltar à ribalta, o zumbi em questão, com apoio de enxugadores de gelo ou de comedores de nuvens, segue desafiando as leis e as normas do país. Azar o dele. O nosso é ter de conviver com pessoas que diariamente põem à prova nossa capacidade de tolerar ignorâncias. Tempos difíceis o nosso. Saudades da época em que os denominados crentes (evangélicos) nos perseguiam para nos obrigar a aceitar Jesus. Hoje, além da perseguição, tentam nos impor Jair Bolsonaro.
Para isso, topam qualquer negócio. O desafio do tarifaço norte-americano sugerido por um de nossos deputados da primeira fila de “patriotas” é o drama da vez. E pouco importa que, após o aumento do IOF, tenhamos conseguido um inusitado recorde de arrecadação. Qual a vantagem disso para o povo? Nenhuma, pois boa parte dos recursos sempre acaba nos bolsos dos congressistas eleitos para defender os interesses dos EUA. Nessa lista estão incluídos os reizinhos que se dizem preocupados com a democracia, mas, durante as silenciosas orgias golpistas, torcem para que os Estados Unidos de Donald Trump destruam a economia do país “amado”.
O ponto G da dramaticidade é a certeza de que o presidente dos EUA não está nem aí para seus supostos aliados em terras brasileiras, hoje mais conhecidos por traidores da pátria, similares a Judas. Inocentes úteis do líder republicano, os corvos da nação agora querem entregar as chamadas terras raras. É a repetição da época colonial, quando, à luz do dia, gatunavam nossas pedras preciosas. Hoje, a ideia é afanar nossas preciosas terras. Tudo para devolver o poder àquele que os “patriotas” raiz teimam em denominar de verdadeiro democrata. Deus nos livre!
E Ele há de nos livrar. Aguardemos, pois, enquanto os cães ladram ferozmente contra o Brasil e para ressuscitar quem já morreu, a caravana tenta minimizar os “patrióticos” estragos causados pela matilha que perdeu no voto, fracassou no golpe e esperneou na Justiça antes de vergonhosamente se rastejar ao lobo faminto pelo suor do sofrido, mas resiliente sociedade brasileira. É essa resiliência que, após o sumiço eterno do fantasma do Planalto, permitirá ao povo não apenas esperar a tempestade passar, mas aprender a dançar na chuva. Afinal, como diz o ditado, tudo que acontece de ruim na vida da gente é para melhorar. É só uma questão de tempo.
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Sonja Tavares é Editora de Política de Notibras
