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A velhice do corpo e o mundo cada vez mais cansado

Envelhecer é perder e aprender. É ver que o tempo nos molda mais que qualquer convicção. Norbert Elias, em “A Solidão dos Moribundos”, fala da invisibilidade da velhice numa sociedade que cultua a juventude.

A doença é, nesse contexto, a anunciação da decadência e, por isso, é ocultada.

Mas eu vejo nos velhos uma beleza brutal: o saber do silêncio, a paciência da escuta, o corpo que carrega histórias. Quando a doença chega, o mundo desacelera. Ou deveria. Mas não: seguimos correndo, passando por cima dos que não acompanham.

A pressa é desumana. E penso: o fim talvez não seja o momento da morte, mas o instante em que o olhar social nos apaga. Ser doente é, muitas vezes, ser invisível. É hora de ver.

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