Doenças ocultas
A velhice do corpo e o mundo cada vez mais cansado
Publicado
em
Autor/Imagem:
Emanuelle Nascimento - Foto Francisco Filipino
Envelhecer é perder e aprender. É ver que o tempo nos molda mais que qualquer convicção. Norbert Elias, em “A Solidão dos Moribundos”, fala da invisibilidade da velhice numa sociedade que cultua a juventude.
A doença é, nesse contexto, a anunciação da decadência e, por isso, é ocultada.
Mas eu vejo nos velhos uma beleza brutal: o saber do silêncio, a paciência da escuta, o corpo que carrega histórias. Quando a doença chega, o mundo desacelera. Ou deveria. Mas não: seguimos correndo, passando por cima dos que não acompanham.
A pressa é desumana. E penso: o fim talvez não seja o momento da morte, mas o instante em que o olhar social nos apaga. Ser doente é, muitas vezes, ser invisível. É hora de ver.
Tags:
Publicidade
Publicidade