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Anti-herói dos mentirosos, Xandão calou Tarcísio

Toda mentira carrega a verdade sobre o caráter de quem mente. Assim falou Zaratustra sobre os mentirosos contumazes, entre eles o que um foi mito e o ex-deputado Valdemar Costa Neto, que aceitou o mito como mito, mesmo que ele nunca tenha sido mito. Acho que estou mentindo sobre a autoria do caráter mentiroso dos mentirosos. Não foi Zaratustra, Nostradamus, muito menos Aristóteles. Vamos dar a César o que é de César. Quem melhor traduziu a mentira desse povo que tem a mentira como a mais pura verdade foi Xandão, o anti-herói dos mentirosos.

Xandão não disse, mas certamente quis dizer no dia do juízo final que a mentira pode até achar que anda mais rápido do que a verdade, mas não anda. Ela sempre escorrega ou tropeça no caminho antes de chegar a seu destino. Mais para decrépito do que para erecto, Valdemar é um daqueles que mentem até quando falam a verdade. No fim de semana, durante evento com governadores bolsonaristas, após revelar que a condenação de Bolsonaro deve ser respeitada, o presidente do Partido das Lágrimas (PL) admitiu que houve o planejamento do golpe, mas negou que tenha ocorrido crime.

Não consigo entender como a corda existe sem a caçamba. Seria a tal da meia funhanhada? Quem sabe a meia gravidez! No mesmo evento, o eventual Valdemar afirmou inicialmente que os atos de 8 de janeiro teriam sido promovidos e executados por “um bando de pés de chinelo”. Depois, desdizendo o que disse, jurou que a barbárie da Praça dos Três Poderes foi uma ação orquestrada pelo Partido dos Trabalhadores. Como o camarada do mimimi não soube dizer o que quer dizer o que acabou dizendo, apanhou de petistas, de bolsonaristas, de oportunistas e até dos catequistas.

Coisas de quem adora uma mentira para chamar de sua, que ama mentir, ainda que desconheça a razão pela qual mente tanto. Depois de condenar aquela meia de oito golpistas, Xandão passou a investigar quem ensinou quem a mentir. Valdemar a Jair Messias ou o Messias a Valdemar. De repente, ambos tiveram o mesmo mestre, aquele que vende ilusões ao redor do mundo e depois desaparece diante do silêncio dos enganados. E são muitos. Tantos que, às vezes, ele faz a mesma ameaça sob encomenda para diferentes inimigos.

Um dia ele também encontrará um Xandão pela frente. No Brasil, o encontro com a cana dura foi mais rápido do que o próprio mentiroso imaginou. Ele é um daqueles que usou a mentira para conquistar o trono que sonhou eterno. Como esse tipo de conquista não tem sabor de vitória, a sua acabou se transformando na porta de saída que se fechou sem possibilidade de retorno. Nas numerosas conversas que certamente já tiveram, Valdemar deve ter dito e ouvido de Bolsonaro que contra a verdade não há argumentos. É por isso que o mentiroso se trai na primeira esquina.

É o que vem acontecendo com o mais aplicado aluno das inverdades vendidas pela citada dupla. Após perceber que xingar o ministro Alexandre de Moraes é um futuro tiro no pé, o governador Tarcísio de Freitas mais parece um náufrago que chega à praia e dá de cara com dois afrodescendentes fortões e metidos a canibais. A primeira frase balbuciada pelos comedores de políticos é por demais conhecida: Desce, dá ou morre. Tarcísio se deu conta tardiamente que defender a natimorta anistia seria outro tiro no pé. Com medo do desgaste, preferiu recuar, se esconder em São Paulo e, provavelmente, optar pela reeleição. Sobre o encontro do governador com os afros, devo informar que ele está vivo.

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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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