O Nordeste tem um dos tesouros econômicos e históricos da região: o açúcar. Mais do que um produto, o açúcar nordestino é herança, tradição e sustento. Das vastas plantações de cana-de-açúcar até as engrenagens das usinas, existe um verdadeiro ritual de trabalho e conhecimento passado entre gerações.
No interior de estados como Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, usinas centenárias ainda operam lado a lado com tecnologias modernas. A cana-de-açúcar, colhida por trabalhadores sob o sol escaldante, percorre um caminho meticuloso: é moída, aquecida, purificada e cristalizada até se transformar no açúcar que adoça mesas em todo o Brasil e além.
“É um processo que mistura ciência e tradição. A gente aprendeu com os avós, mas hoje usa laboratório pra garantir a qualidade”, conta Seu João, técnico de produção em uma usina de Alagoas que atua no setor há mais de 30 anos.
A produção de açúcar envolve dezenas de profissionais, do corte manual ao controle químico de qualidade. Há também um impacto direto na economia local: comunidades inteiras dependem das usinas, que geram emprego, movimentam o comércio e mantêm vivas as histórias da colonização e da resistência nordestina.
Apesar dos avanços, o setor enfrenta desafios: mudanças climáticas, oscilações de preço no mercado internacional e a necessidade de tornar a produção mais sustentável. Algumas usinas já adotam práticas de reaproveitamento da biomassa e redução de resíduos para enfrentar os tempos modernos sem perder suas raízes.
A doçura do açúcar nordestino vai além do paladar – ela carrega o suor de um povo, a força da terra e a arte de transformar a cana bruta em algo que encanta o mundo.
