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As faces do Nordeste vão muito além do sertão

Quando se fala em Nordeste, muitos ainda pensam apenas no sertão árido, no vaqueiro de chapéu de couro, na seca que racha a terra e na resiliência de um povo que insiste em florescer onde a chuva tarda. Mas o Nordeste é muito mais do que a imagem cristalizada pelo olhar de fora. Ele é múltiplo, contraditório e vivo, um mosaico de cores, sons e cheiros que se revelam em cada pedaço de chão.

No litoral, o mar se espraia em ondas azuis que cantam sua própria poesia. É lá que jangadeiros enfrentam o vento, enquanto turistas se encantam com águas mornas e coqueirais intermináveis. Nas cidades, entre ladeiras coloniais e arranha-céus modernos, pulsa um Nordeste urbano, feito de cultura efervescente, tecnologia e juventude criativa.

Há também o agreste, essa transição entre o verde e o seco, onde a vida se reinventa no plantio e na fé, na feira barulhenta de sábado e no canto de repentistas que transformam a dureza em rima.

E no sertão, claro, vive a memória ancestral, marcada pela luta, mas também pela poesia de quem aprendeu a decifrar o silêncio da terra. O sertanejo não é só dor; é dança de forró, é esperança no céu estrelado, é festa de padroeiro e é a certeza de que, mesmo na escassez, sempre cabe abundância de afeto.

O Nordeste, enfim, é tudo isso: mar e seca, sertão e cidade, tradição e futuro. Reduzi-lo a um estereótipo é perder a chance de enxergar sua verdadeira grandeza. Para além do sertão, há um Nordeste plural, que não cabe em uma só narrativa — porque ele é feito de muitas vozes, todas elas pulsando com força de vida.

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