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Barbáries do filho 03 garantirão Lula 4 sem precisar de campanha

Professor, advogado e ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente, o embaixador aposentado Rubens Ricupero levará para o túmulo uma frase que vem sendo usada, sem sapiência alguma, pelos familiares, aliados e pelas bancadas bolsonaristas da Câmara e do Senado. “Eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente mostra e fatura, o que é ruim a gente esconde”. Dizer que faltou sabedoria à claque de Jair Bolsonaro é uma afirmação elogiosa. Na verdade, negociar com Donald Trump o envio de uma carta ao governo brasileiro “exigindo” a paralisação do processo contra o ex-presidente é um escárnio digno dos mais idiotas entre todos os idiotas.

Pior ainda foi a taxação de 50% sobre qualquer produto brasileiro a ser exportado para os Estados Unidos. Misturar política com economia como fez o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro em sua romaria pelos EUA é o mesmo que visitar uma casa de prostituição e pagar com cheque ao portador. As digitais são irremovíveis, da mesma forma que não há como evitar a pecha de que, enquanto Luiz Inácio tenta taxar os super-ricos, a família Bolsonaro pede a Trump para taxar o Brasil e os brasileiros. E o líder republicano atendeu prontamente.

Atendeu para apanhar do mundo inteiro, inclusive dos próprios norte-americanos mais sensatos e dos industriais e da turma do agronegócio brasileiro, conhecidos redutos bolsonaristas. Débil mental, perverso e megalomaníaco foram alguns dos adjetivos ouvidos em referência ao presidente dos EUA. Prêmio Nobel de Economia em 2008, o estadunidense Paul Krugman chegou a sugerir que a decisão trumpista de impor tarifa de 50% aos produtos brasileiros “seria motivo suficiente para um processo de impeachment”.

Consciente e sem escrúpulo algum, Donald Trump está chamando para si e, infelizmente, para os EUA, a ira de quase todo o planeta e, agora, da maioria dos brasileiros, incluídos os bolsominions insatisfeitos e incrédulos com as repetitivas e histriônicas burrices da seita bolsonarista. Privadamente, até mesmo os deputados e senadores da bancada aliada reagiram à bobagem protagonizada pelo boquirroto conhecido por 03.

Conforme alguns, a sugestão para que Trump se intrometesse na política nacional, foi um tiro no pé, na medida em que, com a proximidade da eleição presidencial, esse será o principal trunfo da esquerda liderada pelo presidente Lula da Silva. Mesmo sem dispor de bola de cristal ou de contatos com o além, posso afirmar que, caso a eleição fosse hoje, amanhã ou depois de amanhã, a dupla Donald Trump e Eduardo Bolsonaro seria a principal responsável pela quarta encarnação de Lula.

Digo mais: sem a necessidade de campanha maciça ou de novos conflitos. Resumindo, a direita e a extrema-direita perderam a grande chance de optarem em bloco pelo silêncio. Falaram demais, não varreram para debaixo do tapete as barbáries de Eduardo Bolsonaro contra o Brasil e, salvo algum contratempo maluco, acabam de, antecipadamente, eleger o comandante petista para mais uma temporada no Palácio do Planalto.

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Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras

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