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Batata-doce vira estrela do agronegócio no Nordeste

Do prato do sertanejo às prateleiras de supermercados na Europa: a batata-doce nordestina vive um momento de ascensão. Nos últimos anos, a raiz que sempre esteve presente na mesa das famílias da região se transformou em um dos produtos agrícolas de maior crescimento, abrindo oportunidades para pequenos e médios produtores.

Em cidades do interior da Bahia, de Pernambuco e do Ceará, a paisagem rural começa a mudar. O que antes era dominado pelo milho e pelo feijão, agora exibe fileiras verdes que escondem no solo raízes alaranjadas, brancas e até roxas. De acordo com dados de órgãos estaduais de agricultura, a produção da batata-doce no Nordeste cresceu mais de 30% em cinco anos, impulsionada tanto pelo consumo interno quanto pela demanda internacional.

“O mercado fitness ajudou muito a popularizar a batata-doce, mas hoje ela vai além disso. Exportamos para a Europa e já temos negociações em andamento com o Oriente Médio”, afirma o engenheiro agrônomo Paulo Menezes, consultor de cooperativas na região do Submédio São Francisco.

A mudança não é apenas econômica. Agricultores familiares, que antes sofriam com as instabilidades do cultivo de sequeiro, encontraram na batata-doce uma alternativa mais rentável e de ciclo rápido. “Planto há quatro anos e consegui aumentar minha renda. Hoje pago a faculdade do meu filho com a venda das raízes”, conta Dona Zefinha, produtora de Juazeiro (BA).

Além da alta procura, novas variedades desenvolvidas por centros de pesquisa ampliaram a produtividade, com raízes mais uniformes e resistentes ao clima semiárido. A facilidade de adaptação ao solo e a menor necessidade de insumos também tornam o cultivo atrativo para pequenos agricultores.

O valor nutricional é outro trunfo. Rica em fibras, antioxidantes e de baixo índice glicêmico, a batata-doce caiu no gosto de consumidores preocupados com a saúde. Escolas, restaurantes e programas governamentais de alimentação também impulsionam a cadeia produtiva.

Se os números seguirem nessa toada, especialistas acreditam que, em menos de uma década, o Nordeste pode assumir a liderança nacional na produção e se consolidar como grande exportador do tubérculo.

No sertão, onde a seca sempre foi sinônimo de dificuldade, a batata-doce surge como símbolo de resistência e oportunidade. Uma raiz simples, que agora movimenta economias locais e projeta o Nordeste no cenário agrícola mundial.

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