Gostem ou não do ministro Alexandre de Moraes, ele, com toda sua lucidez, matou a cobra caninana a paulada e não vai mostrar o pau para o Pato Donald. Na terra em que pão é pão e queijo é queijo, o xerifão Xandão já está de posse das alegações da defesa dos envolvidos na trama golpista e, por isso, deve deixar de lado os entretantos e passar logo para os finalmentes processuais. Como a Procuradoria-Geral da República já pediu a condenação dos oito réus do chamado “núcleo crucial”, só falta a entrega do habite-se e das chaves do quartinho de dois por dois e meio que o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro terá direito daqui a poucas semanas.
Do banco dos réus já para a cadeira. Esta é a resposta mais esperada por todos os brasileiros mortos de vergonha pela falta de vergonha da família Bolsonaro. É uma vergonha que não cessa. Pior é a ojeriza da maioria da população pela matilha que tenta usar um golpista inveterado como moeda de troca para livrar da Lei Magnitsky um magistrado cujo crime é o cumprimento do seu dever de condenar um criminoso. Queiram ou não, Alexandre de Moraes já mostrou que tem aquilo roxo, que está cagando para o visto dos Estados Unidos e, principalmente, que transformou o ex-rei do cangaço em o novo rei do cagaço.
Como procuro razoáveis distanciamentos de corintianos, não tenho motivos para afirmar que Xandão é o cara. No entanto, tenho a obrigação de lembrar ao povo brasileiro que, contra todas as maldades da família de malucos beleza, o ministro carequinha passou de perseguidor de percevejos da República e de pegador de camundongos pelo rabo a herói nacional. Quiçá internacional. Os maluquetes sem nexo miraram na careca de Xandão, erraram o tiro e acertaram os próprios pés, os joelhos e, provavelmente, as partes soberbas do chato e diabólico clã.
Perderam! Perderam e estão desesperados, enlouquecidos e imbrochavelmente depauperados. Perderam e, mais uma vez, conseguiram sobressaltar o Brasil. Traidora e incapaz de raciocinar à luz do dia, a trupe Bolsonaro precisou recorrer aos préstimos noturnos do líder do cabelo de fogo para tentar emparedar com a tal Lei Magnitsky o imparedável e magnífico ministro Alexandre de Moraes. Buscando um perdão que não terá, o líder do clã não se envergonhou de também se associar aos cangaceiros do Congresso Nacional, particularmente aos deputados e senadores vinculados ao Partido das Lágrimas (PL).
Bolsonaro e sua ninhada foram pegos com a boca na botija. O resultado é que hoje todos estão com as calças na mão e a pistola entre as pernas. Vale lembrar que, magnífica ou não, a referida lei não reduzirá em um milímetro a corda que já foi esticada até o pescoço de Jair Messias. Está escrito nas estrelas que ele será preso por comandar a organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado, seguido do assassinato de autoridades brasileiras, entre elas Alexandre de Moraes. Como os golpistas saíram das quatro linhas, fica mantida a revogação de um antigo ditado nordestino. O que era dito pelo não dito se transformou juridicamente em dito pelo dito e ponto final.
Perdão pelo trocadilho, mas de nada adiantará o esperneio do norte-americano Benedito contra o erudito, bendito e expedito veredito. Está nos anais e menstruais da Constituição brasileira que a soberania e a independência do Poder Judiciário são questões inegociáveis. Portanto, caberá somente ao Supremo Tribunal – e não ao Pato Donald – a decisão sobre as cores do quartinho que em futuro próximo abrigará Jair Bolsonaro. Como os cegos são aqueles que não querem ver, é bom lembrar que a família que hoje exige respeito aos direitos humanos é a mesma que incitou e financiou o fracassado golpe contra a democracia. Saibam todos que, após as sanções de Trump, Xandão está à procura de mercados brasileiros para comprar seus shampoos chineses.
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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras
