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Bolsonaro leva ao mundo o Back Golden Shower

A postagem feita pelo presidente Jair Bolsonaro, que provocou uma enxurrada de manifestações nas redes sociais, ficará conhecida como tweet Golden Shower nos anais da propaganda. O hábito de utilizar o aplicativo preferido de Donald Trump, entretanto, não produz os mesmos efeitos no Brasil tal como consegue o alinhado internauta estadunidense para o seu país. São realidades totalmente diferentes, sociedades bipolarizadas também com arcabouços sociais incomparáveis.

A propaganda nos EUA é tratada como uma ciência a serviço do Estado. Os anglo-saxões não têm, em sua essência, um comportamento prioritariamente emocional, que é próprio dos latinos. Até os comentários, com forma aparente de desabafo, são calculados.

A enorme barreira que existe entre a cultura ianque e a nossa reside em como aquela sociedade entende o Estado. Para eles, o país é um produto. Suas empresas multinacionais são peças fundamentais de uma engrenagem em que, internacionalmente, estão a serviço da sociedade, do orgulho, da imagem e economia bem sucedidos.

De forma corporativa, para o público externo, a propaganda tem o permanente e estratégico cuidado de só difundir o êxito, a supremacia, o orgulho. Não dão importância alguma quando são taxados de ufanistas. Sobrevivem, ao que parece muito bem, dessa maneira.

A indústria cinematográfica, grande canal de propaganda utilizado pela Casa Branca, mesmo que fora do contexto, produz travellings tendo como elemento a bandeira dos EUA. Para arrepio dos anti-imperialistas. Mesmo que Trump vomite asneiras no Twitter, o bloco social que representa é maior que ele e suas ideias, ao contrário da repercussão de um post publicado aqui por um presidente brasileiro.

Boa parte de nossa população foi induzida no passado a entender que o presidente também é pai, pastor, médico, professor. Além disso, ao chegar ao Palácio do Planalto, a autoridade máxima passa a ter duas identidades: aquela que traz de sua biografia e aquela emprestada pelos eleitores que traz o brasão da República. Embora trespassem em muitos momentos, o que é normal, devem estar guardadas em diferentes gavetas.

Foi esse o grave erro cometido pelo presidiário Lula da Silva. Ele estava convencido de que era tudo: o poder, a razão, a solução, o Estado e eventualmente, ele mesmo.

Em alguns países, os governantes são desfiliados de seus partidos políticos quando assumem a missão de conduzir todos os seus cidadãos. Não precisamos chegar a tanto, mas a comunicação com o público interno durante o período eleitoral é uma coisa, a expressão franca e imediata nas redes sociais, como governante, é outra.

Até o momento, fica a impressão de que o governo entende como propaganda alguns meios de comunicação, dos quais foram expurgados aqueles que estavam a serviço dos inimigos políticos.

O Estado precisa de uma estratégia de comunicação bem definida, exige o entendimento de que o Brasil é um produto na gôndola internacional, é obrigação dos governantes bem conceituar o país mundialmente, abrindo fronteiras para que empreendedores sejam bem recebidos em qualquer parte do mundo.

A propaganda é uma ciência milenar, sofisticada, exige técnica e é capaz de contribuir na construção de vias expressas para a conquista de novos objetivos. Essa atividade foi manchada pelas práticas inescrupulosas de alguns financistas travestidos de publicitários, nas últimas décadas, quando o objetivo era o de apenas financiar políticos, partidos, empresas, filhos e amigos. A culpa não é da propaganda como ciência. É, sim, da comunicação sem planejamento, sem objetivos coletivos e corporativos definidos.

O Brasil precisa urgente de propaganda inteligente, favorável, corporativa, internacional. O mesmo conteúdo publicado pelo presidente Bolsonaro poderia ser tema autêntico de discussão com a sociedade, e precisa ser, mas observando sua repercussão internacional.

Existem formas e formas que a propaganda é capaz de orientar. O Palácio do Planalto, nesse imprescindível setor, está nu. Como o personagem gravado e twitado sobre a marquise. O Brasil precisa enfrentar esse setor, entender que ele é estratégico, e melhor posar para a selfie que o mundo todo vai ver. Ou vamos inaugurar o Back Golden Shower.

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