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Brasil passou da fase da força, fanatismo, fascismo e do terror

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, e o futuro ministro do GSI, General Heleno,falam sobre a segurança para Posse do Presidente Eleito, Jair Bolsonaro.

Militares não são integrantes de nenhum poder moderador, também não podem opinar sobre tudo. Militares são funcionários públicos com funções bem definidas na Constituição – são forças especiais a serviço do País e não de um governo de esquerda, de centro ou de direita. Assim sendo, o pessoal a reserva deveria entender o que significa “reserva”.

Os meios de comunicação (também) deveriam colocar a profissão deles na reserva. Um exemplo claro: ex-cargo ou cargo da reserva, nunca cargo como se estivesse na ativa, como foi o caso da entrevista do general da reserva  Sérgio Etchegoyen, ex-chefe do GSI de Michel Temer, que disse ser uma “profunda covardia” a decisão do presidente Lula (PT) de admitir ter perdido a confiança em uma parcela das Forças Armadas após os atos golpistas de 8 de janeiro.

Em entrevista à TV Pampa, de Porto Alegre, que opera no canal 4 gaúcho e é afiliada à RedeTV, o general de pijama mostrou-se enfezado. Ele acha que os golpistas do 8 de janeiro viraram vítimas de injustiça. O quatro estrelas já sem brilho foi mais além, e esbravejou contra os tribunais, o governo e a imprensa. Ao comentar os ataques à democracia, usou eufemismos como “acidente”.

Ele falou aos seus pares bolsonaristas, como porta-voz da caserna do ex-presidente hoje conhecido como fujão. A exemplo de Bolsonaro e seus apaniguados, o general (da reserva, vale enfatizar) nutre pouco apreço pelo Judiciário, ao dizer que o STF e o TSE “carecem de credibilidade”.

Para Etchegoyen, os ministros do Supremo são “apaixonados por microfones” e gostam de “falar mal do país lá fora”. Na avaliação dele, isso, se realmente existe, “é inaceitável”, condenou. Sobre os extremistas que atacam o sistema eleitoral, o general da reserva emitiu opiniões mais amenas. “É legítimo duvidar do resultado”, disse.

O general da reserva Sérgio Etchegoyen está invocado com Lula. O presidente, após a invasão do Planalto, afirmou que “perdeu a confiança” em parte dos militares. Mas, para esse general de pijama – termo empregado para definir militar que não manda em nada, a frase revelou “profunda covardia”. “Como é que se pacifica o país a partir daí? Como é que pacifica as Forças Armadas?” esbraveja para as paredes que o cercam.

A imprensa, sempre ela, também entrou na mira do general da reserva Sérgio Etchegoyen. Ele acusou a mídia de perseguir Bolsonaro, ultrapassando “todos os limites da razoabilidade”. A despeito das críticas, confidenciou que se informa cada vez menos por veículos tradicionais: “Abandonei muito o noticiário”. Suas fontes agora devem ser somente os grupos de WhatsApp.

Da reserva, os Etchegoyen têm longo histórico de envolvimento em golpes e conspirações. O avô do general tentou impedir a posse de três presidentes. Seu pai e seu tio foram apontados como responsáveis por violações aos direitos humanos na ditadura. Nunca foram julgados graças à anistia.

Agora, esse general da reserva sugere um outro perdão em favor dos extremistas de Brasília. Ao pregar a impunidade de colegas de farda, ele disse que o governo precisa “harmonizar a sociedade” para “poder andar”. “É muito difícil prever o que vai acontecer”, ameaçou.

Do lado de cá, nós (jornalistas e observadores) que acompanhamos o desenrolar dos fatos, e os desdobramentos dos ataques terroristas de 8 janeiro, sabemos que, o que deve acontecer é condenação e prisão para todos os envolvidos na tentativa do golpe. É hora de cobrar satisfações de todos os que fizeram arminha com a mão, evocaram o mantra fascista “Deus, Pátria, Família e Liberdade” de forma leviana e delinquente.

E àqueles que insuflaram a delinquência da turba de energúmenos – com financiamento ou mentoria intelectual, política e decretos, sejam também responsabilizados e punidos.

Não dá mais para “passar pano”. Não venham mais falar de polarização política, engendrando falsas equivalências e fake news, insinuando simetrias descabidas, atacando a democracia e suas instituições que representam os Poderes da República. Não ousem mais. Se militares cometeram crimes, igualmente aos civis, eles também devem ser julgados e punidos com o rigor da Lei.

*Manly Spike é o espigão viril do jornalismo internacional e especialista em política brasileira desde os tempos do império português que se instalou nas terras do Pau Brasil.

 

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