Quem não se lembra das campanhas presidenciais de 2018 e de 2022, quando Jair Messias, o prócer do bolsonarismo e do atraso sugeriu que uma eventual vitória de Luiz Inácio poderia levar o Brasil a uma realidade similar ou parecida com a da Venezuela. Comum em todos os debates que antecederam a eleição, o recorrente discurso de que o “ex-presidiário” [Lula] “venezuelaria” o país acabou virando contra o próprio acusador. Para onde foi o Brasil de Lula? E onde ficou o Brasil de Bolsonaro? Será que ele está no Rio de Janeiro?
Ao contrário do que pregava o futuro presidiário contra o ex-presidiário, o Brasil está a anos luz da Venezuela de Hugo Chávez e de Nicolás Maduro. Ao contrário do que afirmava Bolsonaro, Lula não voltou “à cena do crime”, o país não virou um inferno e, apesar das tentativas da família da maldade, o povo não perdeu a liberdade. A “canalhada do PT” venceu e escancarou as mazelas e o golpismo da “canalhada” bolsonarista, mostrando ao mundo do que ela (a “canalhada”) é capaz. Eduardo Bolsonaro é o exemplo de que, na suposta batalha do bem contra o mal, o bem, representado pelos progressistas, venceu de lavada.
Se a ideia era exagerar nos conceitos para gerar medo, o clã Bolsonaro apostou errado. Aliás, sempre apostou errado. A recuperação da esquerda em parte da América Latina obrigou a direita e os conservadores mais radicais a tirarem a poeira de seus arsenais discursivos. Sem propostas capazes de incomodar o crescimento dos “esquerdopatas”, a saída encontrada pelos fanáticos defensores do caos foi usar a narrativa relativa à Venezuela como argumentação negativa. Para eles, a Venezuela era sinônimo de fracasso.
O que o clã e a trupe bolsonarista utilizou como prática falsificadora da realidade mudou de lado. O fracasso da primeira e última gestão de Jair Bolsonaro dispensa comentários e legenda. Em outras palavras, o que deveria ser apocalíptico e bárbaro se transformou rapidamente em mensagem positiva, progressista, democrática e, sobretudo, sem medo do amanhã. O recente encontro entre os presidentes Luiz Inácio e Donald Trump dão a ideia exata do avanço político-econômico do Brasil e enterra de vez o período de intrigas, fofocas, ameaças, discórdias, agressões e negacionismos do governo Bolsonaro.
Por fim, o Brasil mudou para melhor e não virou uma Venezuela. Entretanto, infelizmente não podemos dizer o mesmo do meu, do seu, do nosso Rio de Janeiro, estado governado há anos por aliados do ex-presidente. Gago na fala, nas ações e nas desculpas, o atual governador, Cláudio Castro (PL), é refém do crime organizado e não sabe mais o que fazer diante do avanço da bandidagem, eventualmente defendida no Congresso Nacional pelos seguidores de Jair Messias.
Sem bala na agulha, Castro, após contar e empilhar os corpos da carnificina dessa terça-feira (28), decidiu culpar o governo Lula por sua consistente e reiterada incompetência. Rápida e baseada em dados, fatos e fotos, a resposta deixou o governador literalmente na lona. Como as pragas voltam para quem as rogam, se o Rio se mantiver sob o bolsonarismo, a tendência é que, em breve, a Venezuela estará lá.
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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais
