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Cabra-macho, uma história real do sertão

No sertão, onde o sol queima a pele e o vento seco levanta a poeira das estradas, nasceu a expressão “cabra-macho”. Não é apenas sinônimo de coragem, mas de resistência, de dureza moldada pelas agruras da vida. Ali, os homens e mulheres do campo aprendem cedo a enfrentar a fome, a seca e a saudade.

Cabra-macho é o vaqueiro que persegue o gado no meio da caatinga, arranhado pelos espinhos, mas firme no aboio que ecoa no entardecer. É o retirante que parte com a família, levando só a coragem e a esperança de encontrar um chão fértil para recomeçar. É também a mulher sertaneja, que carrega água na cabeça, cria os filhos, planta, reza, canta e luta, muitas vezes mais cabra-macho que muito homem.

As histórias do sertão são reais, mas soam como lendas: o agricultor que enfrentou a seca de 1970 e sobreviveu vendendo rapadura; o vaqueiro que, mesmo ferido, não soltou a rês na pega de boi; a mãe que atravessou quilômetros com o filho doente nos braços até achar um posto de saúde.

Ser cabra-macho não é bravata. É saber que a vida é dura e, ainda assim, levantar-se todo dia para enfrentá-la. É transformar a dor em riso, a seca em festa, a escassez em inventividade.

O sertão é feito de cabras-machos e cabras-mulheres: gente que, mesmo diante da injustiça e do esquecimento, insiste em existir, resistir e contar suas histórias.

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