Quando tudo parecia se normalizar no país, eis que ressurge um louco metido a curioso e prova ao Brasil e ao mundo que a organização criminosa que comandava não está morta. Muito pelo contrário. Além de atuante dentro e fora da famiglia, a facção que se julga acima do bem e do mal começa a duvidar da força e da inteligência da Justiça e da sociedade brasileira. Imaginar que as autoridades e a população não imaginariam que a “vígilia de orações” seria somente o tapete vermelho para a fuga do capo é realmente a maior estupidez de um grupo desmemoriado.
E pensar que tudo isso saiu da cabeça de um ser que, dizem seus defensores, está tão senil, tão debilitado que lhe falta força até para aproveitar a prisão domiciliar e tentar reverter a imbrochabilidade no recesso do assombroso lar. A precariedade da saúde do cidadão em análise só não o impede de maquinar diariamente uma forma de fugir da prisão determinada por um xerife que já não aguenta mais sentir o cheiro de queimado exalado pelo ferro de soldar do soldador que não solda mais sequer o tic tac do soldado.
Aliás, aliado ao medo da solidão, foi o calor da solda que fez o soldador chorar diante da sentença definitiva do careca: Teje preso. Quando eu penso já ter visto de tudo, percebo que o tudo quase sempre é nada. Nunca na história deste país imaginei alguém que dizia ter tutano para ser presidente se transformar do dia para a noite em golpista estagiário ou, se preferirem, em senil sem senilidade. Melhor que ele se ache mais esperto do que os espertos. Com apenas alguns minutos para pensar, aquele topetudo ministro provou que o mal dos que se acham espertos é achar que podem fazer os outros de idiotas.
Enfim, o problema do esperto é achar que todo bobo é otário. É o caso do cidadão que jura para Deus que só a mãe dele faz filho malandro. É com profunda tristeza que vemos um mito mordendo o privativo rabo. É aquele que morreu, mas não admite ser enterrado. A história haverá de fazer justiça e, ao longo do tempo que ainda tiver de vida, terá de ouvir dos correligionários e dos adversários famosos que o abismo em que se enfiou foi cavado com os próprios pés. Está escrito na Bíblia que “quem cava covas por elas será engolido”.
Dito e feito. Depois do feito, tomara que a desprezível, pedante, afetada e presunçosa famiglia entenda de uma vez que nenhum farsante tem uma memória suficientemente boa para ser um mentiroso de êxito. Em se tratando de uma vigiadíssima tornozeleira, o fato concreto, data vênia, é que a demência antecipada, a paranóia articulada ou a curiosidade exagerada resultaram na incontestável verdade sobre os enganadores: eles sempre perdem no fim de qualquer narrativa.
Neste início de semana, resta o choro àqueles que, pela segunda vez, falharam no golpe contra os que são pagos para interpretar e aplicar a lei. É o caso do ministro topetudo. Ele não disse, mas eu digo por ele: o choro é livre, mas o soluço está preso. E preso permanecerá até que a famiglia se conscientize de que o Brasil não é uma capitania hereditária, tampouco uma marca de sabonete de propriedade de ensaboadas e mal lavadas personas. Por fim, sugiro às bancadas bolsonaristas da Câmara e do Senado a criação de mais uma data festiva: o Dia do Soldador, obviamente a ser comemorado no dia 22 de novembro.
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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978
